Crítica de O Estrangeiro: Vale a pena assistir ao filme?

O cinema de ação ganha um tom mais sombrio em O Estrangeiro (2017), dirigido por Martin Campbell. Estrelado por Jackie Chan em um papel dramático e Pierce Brosnan como antagonista político, o filme mistura vingança pessoal com intrigas terroristas. Lançado em 11 de janeiro de 2018, com 1h54min de duração, ele marca uma virada na carreira de Chan, longe das comédias leves. Disponível no Amazon Prime Video ou para aluguel na Apple TV, Google Play e YouTube, a produção questiona justiça e moral em um mundo de extremismos. Nesta análise, avaliamos se o thriller entrega tensão ou cai em fórmulas previsíveis.

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Premissa tensa e realista

A história segue Quan, um humilde dono de restaurante chinês em Londres. Após uma tragédia devastadora causada por um atentado de uma facção dissidente do IRA, ele perde o que mais ama. Frustrado com a lentidão da polícia, Quan toma as rédeas. Ele pressiona Liam Hennessy, ministro britânico e ex-membro do IRA, para revelar os culpados. O que surge é um embate entre um homem comum e um sistema corrupto.

Inspirado no livro The Chinaman, de Stephen Leather, o roteiro de David Marconi evita explosões gratuitas. Em vez disso, foca na escalada de tensão. Quan usa inteligência e improvisos para confrontar inimigos, enquanto Hennessy navega por dilemas políticos. O filme equilibra ação com realismo, mostrando as sequelas brutais do terrorismo. No entanto, o subtexto sobre dissidências irlandesas, fiéis aos eventos pós-2005, às vezes ofusca a trama central, tornando o ritmo irregular.

Elenco forte e transformações marcantes

Jackie Chan surpreende como Quan. Aos 63 anos, ele abandona acrobacias cômicas por uma performance vulnerável. Seus olhares vazios e linguagem corporal transmitem luto profundo, elevando o drama. Chan prova ser mais que um astro de ação; ele carrega cenas emocionais com honestidade, como o abraço à filha perdida.

Pierce Brosnan brilha como Hennessy. Arrogante e calculista, ele revive o carisma de seus dias como 007, mas com camadas sombrias. Sua caracterização, com tatuagens e sotaque impecável, cria um vilão complexo, preso entre passado militante e ambições atuais. O elenco coadjuvante, incluindo Orla Brady como esposa de Hennessy, adiciona profundidade. Apesar disso, alguns secundários, como o sobrinho de Hennessy, servem mais à trama que a personagens reais.

Direção eficiente com toques políticos

Martin Campbell, de 007 – Cassino Royale, dirige com precisão. Ele usa planos abertos para capturar a crueza das lutas, sem cortes excessivos. As coreografias de ação são práticas: Quan sofre golpes reais, cansa e sangra, contrastando com heróis invencíveis como em John Wick. A fotografia em tons frios de azul e cinza reforça a opressão londrina e irlandesa.

O filme ousado ao inserir política realista. Explora como o IRA evoluiu para grupos extremistas, questionando vingança versus lei. Essa ambição adiciona peso, mas peca no equilíbrio. Momentos “MacGyver”, como armadilhas improvisadas, quebram o tom sério. A trilha sonora, com eletrônicos irregulares, nem sempre encaixa, embora a tensão sonora funcione em clímax.

Comparação com o gênero de ação

Diferente de comédias de Chan como A Hora do Rush, O Estrangeiro ecoa Busca Implacável. Ambos mostram pais vingadores, mas aqui o foco é político, não sequestro. Comparado a O Protetor, Chan é mais humano, sem invulnerabilidade. Brosnan lembra antagonistas de thrillers como O Fim da Escuridão, dirigido pelo mesmo Campbell.

No Rotten Tomatoes, acumula 66% de aprovação crítica e 72% do público. Críticos como Marc Savlov (Austin Chronicle) elogiam o retorno sombrio de Chan, mas notam excesso de bombastismo em Brosnan. Donald Clarke (Irish Times) destaca uma cena brutal em um B&B de Belfast. Andrea Gronvall (Chicago Reader) vê um thriller político revigorante. No Brasil, sites como AdoroCinema e Plano Crítico aplaudem a maturidade, mas criticam confusão narrativa.

Pontos fortes e limitações

Os trunfos incluem atuações convincentes e ação realista. Chan e Brosnan formam uma dupla magnética, com química tensa. A direção mantém suspense constante, e temas como perda familiar ressoam universalmente. A produção, com efeitos práticos, evita exageros digitais.

Limitações surgem no roteiro. Conexões entre personagens por coincidências forçam credibilidade. O viés político, ambicioso, divide foco, reduzindo tela para Chan. Ritmo pende para suspense, frustrando quem busca adrenalina pura. Sem o carisma de Chan, seria um thriller mediano.

Vale a pena assistir a O Estrangeiro?

  • Nota: 7/10.

Sim, para fãs de ação madura. É ideal quem curte thrillers como O Silêncio dos Inocentes, com dilemas éticos. Chan em modo dramático cativa, e Brosnan rouba cenas. Dura 1h54min, perfeita para uma noite tensa. Evite se esperar comédia chaniana; aqui, risos dão lugar a choques.

O Estrangeiro reinventa Jackie Chan em um thriller político impactante. Com direção precisa de Campbell e atuações estelares, equilibra vingança e crítica social. Apesar de tropeços no ritmo, destaca-se pela honestidade emocional. Em 2025, permanece relevante em debates sobre extremismo. Assista se busca ação com cérebro e coração.

Na Netflix ou Prime, acessível. Um veículo sólido para Chan, com substância além de socos.

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Magdalena Schneider
Magdalena Schneider
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