Vamos Consertar o Mundo, dirigido por Ariel Winograd e lançado na Netflix em abril de 2022, é uma comédia dramática argentina que explora laços familiares e redenção pessoal. Com duração de 1h53min, o filme conta com Leonardo Sbaraglia no papel principal, ao lado de Luis Luque e Charo López. O roteiro de Mariano Vera transforma uma premissa familiar em uma jornada emocional sobre paternidade e prioridades. Mas o longa consegue se destacar em meio a tantas histórias semelhantes? Nesta crítica, destrinchamos os acertos e tropeços da produção para ajudar você a decidir se vale o tempo na Netflix.
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Uma premissa clássica com toques argentinos
A trama gira em torno de David Samarás, apelidado de “O Grego”, produtor geral de um talk show sensacionalista chamado “Hoje Se Conserta o Mundo”. No programa, supostas pessoas comuns resolvem conflitos de relacionamentos, amizades e família em episódios cheios de drama televisionado. David, um workaholic solteiro, dedica a vida ao sucesso do show, mas negligencia seu filho de 9 anos, Benito, fruto de uma relação casual com a ex-mulher.
Tudo muda quando a ex, prestes a morrer de câncer, revela que Benito pode não ser biologicamente dele. David, inicialmente relutante, embarca em uma viagem com o menino para encontrar o possível pai verdadeiro, na esperança de garantir um futuro para o filho. Essa jornada, repleta de percalços e revelações, força David a confrontar sua ausência emocional e questionar o que realmente importa.
A premissa ecoa clássicos como Três Homens e um Bebê ou Jeremias em Missão, mas ganha sabor local com referências à cultura argentina. O talk show satírico critica o voyeurismo televisivo, enquanto a road trip pela pampa adiciona camadas de humor cultural. No entanto, o filme não inova o suficiente, optando por um arco previsível que prioriza o conforto emocional sobre surpresas narrativas.
Leonardo Sbaraglia e o carisma de Benito
Leonardo Sbaraglia brilha como David, trazendo profundidade a um personagem que poderia cair no estereótipo do pai ausente. Conhecido por papéis intensos em O Silêncio do Céu, Sbaraglia equilibra cinismo e vulnerabilidade, especialmente nas cenas de interação com Benito. Sua evolução de produtor ambicioso para homem reflexivo é gradual e convincente, ancorada em olhares sutis e silêncios carregados.
Benjamín Otero, como Benito, rouba a cena com um carisma natural raro para uma criança de sua idade. Seus olhos curiosos e falas inocentes injetam leveza à narrativa, tornando-o o coração emocional do filme. Otero não força o drama; ele simplesmente existe, e isso cativa. Luis Luque, como o irmão de David, adiciona humor seco, enquanto Charo López, em um papel breve mas impactante, interpreta a mãe idosa com sabedoria tocante.
O elenco secundário, incluindo Natalia Oreiro em uma participação especial, enriquece o todo, mas alguns personagens, como os colegas de trabalho, servem mais como alívio cômico do que como contribuintes à trama principal. A química entre Sbaraglia e Otero é o motor que impulsiona o filme, compensando falhas no roteiro.
Direção eficiente de Ariel Winograd
Ariel Winograd, diretor de sucessos como O Roubo do Século e Sem Filhos, aplica sua fórmula comprovada: comédias leves com toques dramáticos que apelam ao público médio. Aqui, ele mantém um ritmo fluido, alternando entre cenas caóticas no estúdio do talk show e momentos introspectivos na estrada. A fotografia de Guillermo Nieto captura a vastidão argentina com tons quentes, contrastando o caos urbano de Buenos Aires com a serenidade rural.
O roteiro de Mariano Vera é funcional, mas não ambicioso. Diálogos afiados satirizam a TV reality, e o humor surge de situações absurdas, como David tentando “consertar” problemas alheios enquanto ignora os seus. A trilha sonora, com toques de tango e folk, reforça o tom nostálgico. Winograd evita excessos sentimentais, mas peca pela falta de risco: o filme joga seguro, priorizando risadas fáceis sobre explorações mais profundas da paternidade.
Visualmente, a produção é caprichada para um orçamento médio, com cenas de viagem que evocam liberdade e descoberta. No entanto, a direção não eleva o material além do entretenimento casual, deixando o espectador com uma sensação de déjà-vu.
Temas de família e redenção no cinema argentino
Vamos Consertar o Mundo mergulha em temas universais como a paternidade relutante e o impacto do trabalho na vida pessoal. David representa o homem moderno, viciado em sucesso profissional, que só percebe o vazio ao confrontar a mortalidade. A jornada com Benito serve como metáfora para reconexão, questionando se laços biológicos definem família ou se o afeto construído basta.
O filme critica sutilmente a cultura do espetáculo, onde problemas reais viram entretenimento descartável. Isso ressoa com produções argentinas recentes, como O Roubo do Século, que misturam humor e crítica social. Comparado a Relatos Selvagens, de Damián Szifron, o longa é mais acessível, mas menos afiado. Ele evita o cinismo, optando por um otimismo que pode soar forçado para espectadores mais cínicos.
Em um catálogo Netflix lotado de comédias românticas, Vamos Consertar o Mundo se posiciona como uma opção familiar, com mensagens sobre priorizar o que importa. Ainda assim, sua abordagem convencional limita o impacto, tornando-o mais um produto formulaico do que uma obra transformadora.
Pontos fortes e limitações da narrativa
Os acertos estão no coração emocional: a relação entre David e Benito evolui de forma orgânica, com cenas tocantes que evitam o melodrama excessivo. O humor, derivado do contraste entre o mundo fake do talk show e a realidade crua da viagem, proporciona risadas genuínas. A sátira à TV é pontual e relevante, criticando como resolvemos problemas alheios com facilidade.
Limitações surgem na previsibilidade: reviravoltas, como o encontro com o possível pai biológico, seguem fórmulas batidas. O final otimista, embora catártico, ignora nuances mais sombrias da paternidade. Alguns diálogos soam expositivos, e subtramas, como o declínio do programa, são subdesenvolvidas. Para um filme de 103 minutos, o ritmo é bom, mas poderia ser mais dinâmico.
Vale a pena assistir a Vamos Consertar o Mundo?
Sim, se você busca uma comédia leve para uma noite em família. O filme diverte e emociona sem exigir muito, perfeito para maratonas Netflix. Sbaraglia e Otero elevam o material, tornando-o uma opção reconfortante em tempos incertos. Evite se preferir narrativas inovadoras; aqui, o conforto prevalece sobre a surpresa.
Para fãs de comédias argentinas ou histórias de redenção, é uma adição sólida ao catálogo. Assista com pipoca e expectativas moderadas – o mundo pode não se consertar, mas o filme aquece o coração.
Vamos Consertar o Mundo é uma comédia dramática honesta, impulsionada por atuações sólidas e uma mensagem sobre família que ressoa universalmente. Ariel Winograd entrega entretenimento acessível, com toques de sátira que criticam a superficialidade moderna. Apesar da falta de originalidade, o filme cumpre seu papel: faz rir, refletir e valorizar laços simples. Disponível na Netflix, é ideal para quem quer uma pausa leve e emocional. Em um ano de blockbusters, ele lembra que histórias pequenas podem consertar dias ruins. Vale a pena? Para a maioria, sim – uma sessão que deixa um sorriso no rosto.
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