Steve (2025), dirigido por Tim Mielants e roteirizado por Max Porter, chega à Netflix em 3 de outubro como uma adaptação visceral da novela Shy. Com Cillian Murphy no papel principal, o filme mergulha no caos de uma escola de reabilitação para meninos problemáticos, nos anos 90. Em 1h33min, a narrativa acompanha um dia exaustivo na vida de Steve, o diretor dedicado, e de Shy, um aluno à beira do colapso. Mas o drama sobrecarregado e as atuações intensas salvam o dia? Nesta crítica, avalio os acertos e tropeços para ajudar você a decidir se vale o play.
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Premissa intensa em um dia de crise
O filme se passa em Stanton Wood, uma escola reformista fictícia no interior britânico, financiada pelo governo mas à beira do fechamento. Steve (Cillian Murphy), o diretor, luta para manter a instituição viva enquanto lida com seu esgotamento mental. Paralelamente, Shy (Jay Lycurgo), um adolescente violento e frágil, usa fones de ouvido como escudo contra seu passado traumático. A trama cobre 24 horas caóticas, cheias de brigas, revelações e decisões desesperadas.
Baseado na novela de Porter, o roteiro captura o desespero de um sistema falido. A ameaça de fechamento por cortes orçamentários reflete críticas reais à educação pública. No entanto, o acúmulo de crises – de rebeliões estudantis a colapsos pessoais – torna a história forçada. O que poderia ser um estudo sutil vira um furacão de eventos, testando a credulidade do espectador.
Cillian Murphy brilha no centro do caos
Murphy entrega uma performance magistral como Steve, um homem exausto que equilibra compaixão e fúria. Seus olhares cansados e pausas silenciosas transmitem o peso de anos de sacrifícios. É um papel que exige vulnerabilidade, e ele o faz com maestria, ecoando seu trabalho em Oppenheimer. Jay Lycurgo, como Shy, complementa com intensidade crua, capturando a raiva adolescente misturada a dor. Emily Watson, como terapeuta da escola, e Tracey Ullman, como supervisora, adicionam camadas de apoio emocional.
O elenco jovem, incluindo Araloyin Oshunremi e Luke Ayres, traz autenticidade às cenas de tumulto. Ainda assim, alguns personagens secundários parecem esboçados, servindo mais como catalisadores do que figuras profundas. A química entre Murphy e Lycurgo sustenta o filme, mas o roteiro não explora plenamente suas conexões.
Direção estilizada que divide opiniões
Tim Mielants, parceiro de Murphy em Small Things Like These, opta por um visual cru na primeira metade, com takes em verité que imitam o caos da escola. Câmera trêmula e som ambiente capturam brigas e brincadeiras adolescentes com realismo. Na segunda parte, o estilo vira estilizado, com cortes rápidos e close-ups dramáticos, refletindo o colapso mental de Steve.
A produção é impecável, com locações em um casarão decadente que simboliza o abandono institucional. A trilha sonora, com toques de drum and bass dos anos 90, reforça a angústia de Shy. Porém, o tom oscila: momentos de humor negro colidem com drama pesado, criando um whiplash emocional. Mielants arrisca, mas o excesso de intensidade pode cansar, como notado em críticas do festival de Toronto.
Temas profundos sobre saúde mental e sistema
Steve aborda o burnout de educadores em ambientes hostis, criticando cortes governamentais que destroem redes de apoio. A luta de Steve espelha a de professores reais, sobrecarregados e isolados. Paralelamente, Shy representa jovens marginalizados, cujos traumas viram violência cíclica. O filme questiona: como salvar os outros quando você mesmo está afundando?
Essa camada social eleva a narrativa além do drama pessoal. Porter, adaptando sua própria obra, injeta poesia na prosa, com diálogos que misturam lirismo e brutalidade. Ainda assim, o filme peca ao empilhar crises sem respiro, tornando a mensagem menos impactante. Comparado a The Bear, compartilha o caos estilizado, mas falta a sutileza para emocionar de verdade.
Pontos fortes e limitações evidentes
Os acertos estão na atuação de Murphy, que ancora o filme com humanidade crua. A direção ousada e a ambientação autêntica criam uma imersão palpável no mundo da escola. Temas como saúde mental e desigualdade ressoam em 2025, especialmente pós-pandemia, quando o esgotamento docente é tema global.
As fraquezas incluem o ritmo acelerado, que sacrifica desenvolvimento por espetáculo. Personagens secundários evaporam após servirem ao plot, e o final, esperançoso mas abrupto, deixa pontas soltas. Com 76% no Rotten Tomatoes, o consenso elogia Murphy, mas alerta para o “monte de crises” que testa a paciência.
Vale a pena assistir Steve na Netflix?
Steve é um veículo perfeito para Cillian Murphy, oferecendo um mergulho visceral em burnout e redenção. Se você ama dramas intensos como Small Things Like These, o filme recompensa com emoção pura. A duração curta facilita uma sessão impactante, ideal para quem busca reflexões sobre educação e saúde mental.
No entanto, se prefere narrativas equilibradas, o caos excessivo pode frustrar. É mais um showcase de talento do que uma obra coesa, mas Murphy sozinho justifica o tempo. Assista na Netflix para um soco emocional – só prepare o lenço.
Steve é um drama feroz que destaca Cillian Murphy em sua melhor forma, explorando o colapso de um salvador improvável. Mielants e Porter criam um retrato caótico de um sistema quebrado, com toques de humor negro que aliviam a tensão. Apesar de tropeços no ritmo e na profundidade, o filme emociona e provoca debates. Para fãs de cinema independente, é essencial. Vale a pena? Sim, pelo impacto de Murphy e pela urgência dos temas. Uma estreia forte na Netflix este outubro.
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