Crítica de O Valente: Vale a pena assistir ao filme?

O Valente (2025), dirigido por Steve Barnett, chega como um thriller de ação militar inspirado em uma história real. Com duração de 1h27, o filme segue um helicóptero do Exército americano que cai em território norte-coreano. O sargento Edward Brockman (Henry Ian Cusick) lidera sua equipe em uma fuga pela zona desmilitarizada. Produzido por Monarch Media e Factory Underground, com roteiro de Daniel Myrick e direção de arte de Tink, o longa está disponível no Amazon Prime Video e HBO Max. Mas em um gênero cheio de clichês, ele se destaca ou afunda? Nesta análise, destrinchamos a trama, o elenco e o impacto do filme para ajudar você a decidir se vale o play.

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Premissa tensa, mas previsível

A história começa com um acidente brutal: um helicóptero Black Hawk é abatido sobre a Coreia do Norte, deixando o sargento Brockman e sua unidade isolados em território inimigo. Sem comunicação e perseguidos por forças norte-coreanas, eles precisam atravessar a DMZ, a zona mais armada do mundo. O roteiro de Daniel Myrick, conhecido por The Blair Witch Project, promete suspense realista, inspirado em um incidente verdadeiro de 1994 envolvendo o helicóptero de Dick Curl.

O filme acerta ao focar na sobrevivência crua, com cenas de tensão em florestas densas e patrulhas hostis. A ameaça constante de captura ou morte cria um clima opressivo, e a divisão interna da equipe adiciona camadas. No entanto, a narrativa segue fórmulas batidas: o líder estoico, o recruta inexperiente e traições previsíveis. Reviravoltas, como a descoberta de um traidor, surgem cedo demais, diluindo o mistério. Com 87 minutos, o ritmo é ágil, mas o final resolve tudo de forma abrupta, sem explorar o custo emocional da guerra. É entretenimento sólido para fãs de ação, mas falta ousadia para elevar o patamar.

Elenco competente em papéis estereotipados

Henry Ian Cusick, de Lost, carrega o filme como Brockman. Ele transmite autoridade quieta e vulnerabilidade, especialmente em momentos de dúvida sobre suas decisões. Seu sotaque escocês adiciona autenticidade ao sargento imigrante, e sua química com o recruta novato (interpretado por um ator promissor como Wyatt Nash) impulsiona o drama interpessoal. Os coadjuvantes, como o médico cínico e o atirador leal, cumprem seus papéis sem brilhar, mas evitam caricaturas exageradas.

O elenco secundário, incluindo atores como Lochlyn Munro como o comandante distante, traz equilíbrio. As performances são contidas, priorizando realismo sobre explosões histriônicas. Críticas elogiam a naturalidade, mas apontam que os personagens carecem de profundidade. Brockman, por exemplo, é um herói clássico sem falhas reais, o que limita o arco emocional. Ainda assim, o grupo funciona como unidade, tornando as cenas de equipe críveis e envolventes.

Direção eficiente em um orçamento modesto

Steve Barnett, em sua estreia em longas, demonstra habilidade em gerenciar tensão com recursos limitados. Filmado em Vancouver simulando a Coreia, o visual é funcional: florestas úmidas e neblina criam uma atmosfera claustrofóbica. A direção de arte de Tink destaca detalhes como uniformes desgastados e equipamentos improvisados, reforçando o senso de isolamento.

As sequências de ação são o ponto alto. Tiroteios curtos e brutais, com som de balas ecoando na selva, evocam O Resgate do Soldado Ryan em escala menor. A câmera handheld adiciona urgência, e a edição mantém o fluxo sem pausas desnecessárias. No entanto, os efeitos CGI para o helicóptero são datados, e algumas cenas noturnas sofrem com iluminação fraca. Barnett evita moralismos patrióticos, focando na humanidade dos soldados, mas não aprofunda temas como o custo da Guerra Fria. É uma direção competente para um B-movie, mas sem inovações visuais.

Temas de coragem e realismo militar

Baseado em eventos reais, O Valente toca em questões como lealdade sob fogo e o absurdo da fronteira coreana. A DMZ é retratada como uma armadilha mortal, com minas e sentinelas invisíveis, destacando a fragilidade da paz. O filme questiona o heroísmo: Brockman não é um super-soldado, mas um homem comum forçado a liderar.

Comparado a Lone Survivor ou Zero Dark Thirty, ele é menos ambicioso, optando por ação direta em vez de crítica geopolítica. A influência de Myrick aparece em toques de found-footage, como gravações de rádio, mas sem o terror sobrenatural. Críticos notam que o filme evita polêmicas, como o tratamento de prisioneiros de guerra, mantendo-se neutro. Isso o torna acessível, mas superficial para quem busca profundidade. Ainda assim, a ênfase na camaradagem ressoa, especialmente em um mundo ainda tenso com a Coreia do Norte.

Pontos fortes e limitações evidentes

Os acertos incluem ação bem coreografada e atuações sólidas de Cusick, que ancoram o filme. A brevidade evita inchaço, e o realismo tático agrada entusiastas de militares. Temas de resiliência humana surgem organicamente, sem discursos forçados.

As fraquezas pesam: o roteiro recicla tropos, com diálogos genéricos como “Mantenham a formação”. O final anticlimático, resolvendo a fuga sem grandes perdas, diminui o risco. Efeitos visuais modestos e ausência de antagonistas norte-coreanos desenvolvidos (reduzidos a silhuetas) enfraquecem a ameaça. É um filme que entretém, mas evapora rápido.

Vale a pena assistir a O Valente?

Sim, se você curte thrillers de sobrevivência sem frescuras. Com 87 minutos, é perfeito para uma noite rápida no Amazon Prime Video ou HBO Max. A tensão da DMZ e a liderança de Brockman prendem, e o pedigree real adiciona peso. No entanto, fãs de narrativas complexas podem achar superficial.

Em 2025, com tensões globais, o filme ressoa como lembrete de vulnerabilidades fronteiriças. Para uma dose de adrenalina patriótica leve, vale o tempo. Evite se busca inovação; opte por clássicos como Platoon para mais substância.

O Valente é um thriller militar honesto, impulsionado por ação crua e um elenco dedicado. Steve Barnett entrega um pacote eficiente, inspirado na realidade, que entretém sem pretensões. Apesar de clichês e limitações técnicas, destaca-se pela brevidade e foco na humanidade sob pressão. Disponível em streaming, é uma escolha sólida para fãs do gênero, provando que coragem não precisa de explosões hollywoodianas para inspirar. Assista e sinta o peso da DMZ – mesmo que de sofá.

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Magdalena Schneider
Magdalena Schneider
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