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Crítica de Boy Erased: Uma Verdade Anulada | Vale a pena assistir ao filme?

Boy Erased: Uma Verdade Anulada (2018), dirigido e roteirizado por Joel Edgerton, adapta o memoir de Garrard Conley sobre os horrores da terapia de conversão gay. Com Lucas Hedges no papel principal, ao lado de Nicole Kidman e Russell Crowe, o filme mergulha na luta de um adolescente contra o fanatismo religioso. Com 1h55min de duração, ele está disponível na Amazon Prime Video, ou para alugar na Apple TV e Google Play Filmes e TV. Em um ano como 2025, quando debates sobre direitos LGBTQ+ ganham força, o longa permanece relevante. Mas entrega impacto emocional ou cai em fórmulas previsíveis? Analisamos trama, atuações e legado para decidir se vale o play.

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Premissa baseada em fatos reais

A história segue Jared Eamons, filho de um pastor batista em uma pequena cidade do Arkansas. Aos 19 anos, ele é exposto como gay após um incidente violento na faculdade. Seus pais, Marshall e Nancy, o enviam para um programa de conversão da igreja, temendo perder status social e família. No centro, liderado pelo rígido Victor Sykes, Jared enfrenta exercícios humilhantes: análise de “árvore genealógica” para rastrear “pecados ancestrais”, treinamentos para “masculinidade” e sessões de oração que beiram o exorcismo.

Edgerton adapta o livro com fidelidade, evitando exageros sensacionalistas. A narrativa alterna presente e flashbacks, mostrando o isolamento de Jared em um ambiente onde a “cura” é indefinida, até que ele “se arrependa”. Sem spoilers, o filme constrói tensão através de silêncios, não de violência gráfica. Críticos como Peter Bradshaw, do Guardian, notam semelhanças com Um Estranho no Ninho, com Jared como um paciente preso em um manicômio ideológico. No Rotten Tomatoes, o consenso elogia a empatia, mas aponta previsibilidade.

Atuações que carregam o peso emocional

Lucas Hedges, de Manchester by the Sea, entrega uma performance contida e generosa como Jared. Ele transmite angústia interna com olhares e pausas, evitando histrionismo. Sua vulnerabilidade contrasta com a rigidez do programa, tornando-o o coração do filme. Nicole Kidman, como a mãe amorosa mas conflituosa, brilha em cenas de dúvida, humanizando uma figura religiosa sem desculpá-la. Russell Crowe, o pai pastor, equilibra autoridade e afeto, revelando fragilidades em monólogos curtos.

Joel Edgerton, como Sykes, é perturbador: um líder carismático que mascara crueldade com jargão bíblico. O elenco secundário, incluindo Troye Sivan como Gary, um companheiro cínico, e Xavier Dolan como Jon, adiciona camadas. Sivan, que compõe a trilha com “Revelation”, traz autenticidade queer. No geral, as atuações elevam o material, como elogiado pela NPR, mas alguns, como no Vanity Fair, acham o conjunto familiar demais.

Direção sensível, mas sem ousadia

Edgerton dirige com moderação, usando tons frios e closes para enfatizar opressão. A fotografia de Khuram Ahmed captura o claustro do centro de conversão, com corredores brancos que evocam prisões. O ritmo é deliberado, priorizando diálogos tensos sobre ação, o que constrói empatia mas arrisca monotonia. Sem humor, diferentemente de A Miseducação de Cameron Post, o filme opta por seriedade, refletindo a dor real de Conley.

O roteiro evita julgamentos fáceis, mostrando como homofobia envenena famílias amorosas. No entanto, Bradshaw critica a falta de leveza, tornando-o “escuro demais”. Com 80% no Tomatometer, ele acerta na mensagem, mas peca em inovação visual.

Temas profundos sobre fé e identidade

O filme denuncia a terapia de conversão como fraude pseudocientífica, criando vítimas crédulas. Explora dinâmicas familiares: pais que amam, mas priorizam doutrina, gerando culpa e medo. Jared questiona se sua orientação é “pecado” ou essência, ecoando lutas LGBTQ+ reais. Em 2025, com leis contra conversão avançando nos EUA, o longa ganha urgência, como notado em resenhas recentes do Tertangala.

Também critica como religião distorce textos para justificar ódio, vulnerabilizando os fiéis a “curas” falsas. O impacto cultural é amplo: inspirou debates no TIFF, onde Conley e sua mãe participaram, e reforça narrativas de aceitação, como no NYT. Para pais de jovens queer, é um alerta vital.

Vale a pena assistir?

  • Nota: 3/5

Sim, para quem busca dramas reflexivos sobre identidade. Com 6.9 no IMDb, é essencial em discussões LGBTQ+. As atuações de Hedges e Kidman compensam o ritmo lento. Evite se prefere ação; opte por ele se quer empatia e crítica social. Na Prime Video, é acessível para noites reflexivas.

Boy Erased: Uma Verdade Anulada é um soco controlado contra a homofobia disfarçada de fé. Edgerton humaniza vilões sem absolvê-los, e Hedges carrega a dor com graça. Apesar de previsível, seu legado em 2025 – inspirando leis e conversas – o torna vital. Assista para entender o custo da negação e celebrar a aceitação. Uma verdade que não pode ser anulada.

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Magdalena Schneider
Magdalena Schneider
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