Convenção das Bruxas: Anne Hathaway e a Polêmica no Filme

Em 6 de novembro de 2020, Anne Hathaway usou o Instagram para um pedido de desculpas público e emocionante. A atriz, então no auge de sua carreira pós-O Diabo Veste Prada e Interestelar, enfrentava críticas ferozes pelo remake de Convenção das Bruxas, dirigido por Robert Zemeckis e lançado na HBO Max. A controvérsia? A personagem da Grande Bruxa Má, interpretada por Hathaway, exibia mãos com apenas três dedos longos e afiados – uma escolha visual que muitos viram como capacitista, associando deficiências físicas a algo “assustador” ou maligno.

O filme, adaptação do clássico de Roald Dahl de 1983 (e remake do sucesso de 1990 com Anjelica Huston), prometia magia e terror infantil. Mas cenas como a da bruxa revelando suas garras deformadas geraram backlash global. Organizações como a Little People of America e ativistas com deficiências de membros curtos, como a focomelia, acusaram o estúdio Warner Bros. de perpetuar estereótipos prejudiciais. Crianças com condições semelhantes relataram bullying e dor emocional, sentindo-se retratadas como monstros. A petição online contra o filme acumulou milhares de assinaturas em dias.

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O Pedido de Desculpas: Empatia em Ação

Hathaway, conhecida por seu ativismo em causas como direitos LGBTQ+ e saúde mental, não fugiu da responsabilidade. Em um vídeo e texto postados em suas redes, ela compilou relatos de pessoas afetadas, mostrando vulnerabilidade genuína. “Eu aprendi recentemente que muitas pessoas com alterações de membros, principalmente crianças, estão sofrendo por conta da representação da minha personagem em Convenção das Bruxas“, escreveu. “Me permitam começar dizendo que eu me esforço para ter empatia com os sentimentos e experiências dos outros não para ser politicamente correta, mas porque não magoar os outros é um nível básico de decência que todos nós deveríamos ter.”

Ela prosseguiu: “Enquanto alguém que acredita na inclusão e realmente detesta crueldade, eu devo a todos vocês desculpas pela dor que causei. Eu sinto muito. Eu não fiz a relação do visual da personagem com a alteração de membros quando me mostraram; se eu tivesse, eu garanto que isso nunca teria acontecido.” O foco especial foi nas crianças: “Eu especialmente quero pedir desculpas para as crianças com alteração de membros. Agora que eu aprendi, eu prometo que vou melhorar. E eu devo um pedido de desculpas especial àqueles que amam vocês tanto quanto eu amo meus filhos. Me desculpem por ter decepcionado a família de vocês.”

A resposta foi imediata e sincera. Hathaway prometeu apoiar programas para pessoas com deficiências e usar sua plataforma para promover inclusão. No X (antigo Twitter), o post viralizou em português também, com usuários brasileiros ecoando o debate: “Anne Hathaway teve que pedir desculpas por causa da personagem de Convenção das Bruxas pq aparentemente o filme era capacitista por causa das mãos da bruxa”, comentou um perfil em 2021, refletindo o impacto local.

A Resposta do Estúdio e o Contexto Histórico

A Warner Bros. seguiu o exemplo dias antes, em 4 de novembro, emitindo um comunicado: “Lamentamos qualquer ofensa causada pela representação das bruxas em The Witches.” Eles citaram o livro original de Dahl, onde as bruxas tinham “garras” em vez de “dedos”, mas admitiram que a adaptação moderna falhou em consultar comunidades afetadas adequadamente. Críticos como a BBC notaram que, apesar das intenções, o filme ignorou sensibilidades contemporâneas sobre representação.

Essa não foi uma polêmica isolada. O cinema tem histórico de vilanizar deficiências – pense em O Corcunda de Notre-Dame ou até Harry Potter, com personagens como o sem-nariz Voldemort. Mas 2020 marcou um turning point, impulsionado pelo movimento Black Lives Matter e discussões sobre DEI (Diversidade, Equidade e Inclusão).

Cinco Anos Depois: Progresso em Representação de Deficiência?

Avançamos para 31 de outubro de 2025 – ironicamente, véspera de Halloween, data que amplifica debates sobre “monstros” e empatia. Desde a controvérsia, Hathaway continuou sua carreira com papéis inclusivos, como em The Idea of You (2024), e eventos recentes como o WWD Honors, onde dividiu holofotes com ativistas. Mas atualizações específicas sobre sua promessa? Poucas menções diretas, embora o setor como um todo evolua.

Em 2024, relatórios da Valuable 500 destacaram avanços em inclusão corporativa, com empresas como a Warner priorizando consultorias com comunidades deficientes. Nos EUA, 2025 celebra 35 anos da Americans with Disabilities Act, com foco em design acessível e mídia. Filmes como The Peanut Butter Falcon (2019) e séries como Special pavimentaram caminhos, e agora, produções de 2025 integram atores com deficiências reais, como no recente Good News for Disability Rights, que cita vitórias na moda e política.

No Brasil, debates semelhantes surgem em adaptações locais, e o pedido de Hathaway inspirou discussões em fóruns como o Reddit, onde usuários ainda desabafam sobre o impacto emocional. Ela não comentou publicamente sobre o aniversário da polêmica, mas seu silêncio pode indicar ação nos bastidores – ou um lembrete de que promessas precisam de accountability contínua.

Lições para o Cinema Inclusivo

A saga de Convenção das Bruxas ensina: empatia não é opcional. Hathaway transformou erro em aprendizado, e o filme, apesar do buzz negativo, arrecadou elogios por outros aspectos, como a performance de Octavia Spencer. Hoje, estúdios consultam experts desde o roteiro – uma vitória direta dessa crise.

Para fãs e criadores: assista com olhos críticos, mas celebre o crescimento. Hathaway, aos 42 anos, segue como ícone de redenção. Como ela disse, “não magoar os outros é decência básica”. Em 2025, que o Halloween nos lembre: monstros reais são os preconceitos não confrontados.

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Magdalena Schneider
Magdalena Schneider
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