Quem nunca se pegou revendo um seriado clássico e sentiu aquele desconforto com piadas machistas e situações que não fazem mais sentido nos dias de hoje? A boa notícia é que, felizmente, existem diversas séries livres de machismo – ou pelo menos bem próximas disso – que oferecem enredos instigantes sem recorrer a estereótipos ultrapassados. Pensando nisso, apresentamos dez indicações de séries aclamadas por fãs e críticos.
Vivemos em uma época em que o público está mais atento a representações de gênero, preconceitos e comportamentos tóxicos na mídia. Para muitas pessoas, divertir-se não combina com reproduzir piadas ofensivas ou subtramas misóginas. Por isso, as séries livres de machismo vêm ganhando cada vez mais espaço e conquistando espectadores que desejam ver relacionamentos saudáveis, personagens femininas bem construídas e temáticas que fujam do sexismo e dos clichês que tanto nos cansam.
Alguns programas modernos conseguem equilibrar humor, drama e representatividade de forma admirável. Seja em sitcoms, animações ou séries de ficção científica, o que conta é priorizar o respeito e a igualdade de gênero.
10 séries livres de machismo
Brooklyn Nine-Nine
“Brooklyn Nine-Nine” se destaca pela forma como retrata mulheres e minorias. A trama policial cômica acompanha um time de detetives em uma delegacia de Nova York. Aqui, as personagens femininas desempenham papeis de liderança, não são reduzidas a interesses românticos e, principalmente, têm tempo de tela equivalente ao dos homens. Chama a atenção a maneira leve e respeitosa com que a série lida com temas sociais.
The Good Place
Da mesma equipe criativa de “Brooklyn Nine-Nine”, “The Good Place” aborda questões filosóficas, morais e de convivência de forma hilariante. Apesar de incluir personagens de diferentes etnias e gêneros, a série não faz uso de estereótipos para gerar piadas. Em vez disso, investe em diálogos inteligentes e num enredo que destaca a evolução pessoal de cada integrante do grupo, sem relegar as mulheres a segundo plano.
Parks and Recreation
Criada por Michael Schur (o mesmo de “The Good Place”), “Parks and Recreation” é uma das sitcoms mais inclusivas, especialmente no que diz respeito ao desenvolvimento de personagens femininas fortes. Leslie Knope, a protagonista, é a personificação de determinação e carisma, sem cair em caricaturas machistas. É impressionante como essa série criou momentos de sororidade marcantes, além de oferecer humor de qualidade.
Schitt’s Creek
Esta produção canadense conquistou o público ao retratar com sensibilidade temas como identidade de gênero, diversidade sexual e relações familiares. Embora a série tenha começado timidamente, tornou-se um fenômeno de empatia, especialmente pela forma respeitosa como aborda a construção de laços afetivos. Personagens femininas, como Stevie e Alexis, encontram seu próprio caminho de crescimento, sem depender exclusivamente de motivações românticas.
The Umbrella Academy
Voltada para quem curte superpoderes e um toque de mistério, “The Umbrella Academy” inclui personagens femininas que fogem dos clichês de “mocinhas indefesas”. Na trama, cada irmã do grupo de heróis disfuncionais enfrenta problemas complexos, e as discussões sobre traumas, saúde mental e família são abordadas sem apelar para piadas ou estereótipos machistas. A produção conseguiu criar heroínas com personalidades tridimensionais.
Broadchurch
Para quem gosta de drama policial, “Broadchurch” é um prato cheio. A série aborda investigações criminais em uma pequena cidade costeira e se distingue pela forma realista e humana com que retrata as vítimas e detetives. Personagens femininas possuem voz ativa e participação intensa nos casos, fugindo daquela velha fórmula em que as mulheres servem apenas de “gatilho” para a ação. “Broadchurch” é um verdadeiro exemplo de equilíbrio narrativo.
Call the Midwife
Passada na Londres do pós-guerra, “Call the Midwife” retrata a rotina de parteiras que lidam com desafios sociais, emocionais e médicos a cada episódio. Nesta série, as mulheres não apenas vivem tramas sólidas, como também questionam normas de gênero e preconceitos da época. Para o público que discutiu essa produção no fórum, o maior diferencial está na naturalidade com que valoriza a perspectiva feminina em cenários difíceis.
Crazy Ex-Girlfriend
Apesar do título que pode gerar dúvidas, “Crazy Ex-Girlfriend” é uma série que consegue subverter estereótipos de gênero e, principalmente, por mostrar como a personagem principal evolui além de sua obsessão inicial por um ex-namorado. Com números musicais inteligentes, a narrativa explora saúde mental, amizade, feminismo e a importância de aprender com os erros. Embora haja momentos de humor ácido, a série se mantém longe de abordagens machistas.
Jane the Virgin
Poucas séries receberam tantos elogios em discussões sobre tramas feministas quanto “Jane the Virgin”. Inspirada nas novelas latinas, ela brinca com o exagero do melodrama, mas sem cair na objetificação feminina. Seus temas incluem maternidade, relacionamentos, independência e amizade entre mulheres. É importante destacar a construção de Petra, que sai de vilã estereotipada para uma figura complexa, demonstrando crescimento pessoal ao longo dos episódios.
Steven Universe
Para fechar a lista, vale citar uma animação que se encaixa perfeitamente na nossa lista de séries livres de machismo. “Steven Universe” inverte a lógica de muitos desenhos ao inserir mulheres e figuras femininas como líderes de um grupo de “gemas”, que protegem a Terra. Além disso, aborda temas como empatia, inclusão e identidade de forma didática. Muitos consideram este desenho uma referência de representatividade, especialmente para o público mais jovem.
Séries Livres de Machismo: Por que Importam?
Buscar séries livres de machismo não é apenas uma questão de “caça aos erros” no entretenimento. É sobre poder relaxar diante da tela sem topar com tiradas ofensivas ou enredos que diminuem as mulheres. É também uma forma de valorizar produções comprometidas em construir histórias que reflitam a diversidade do mundo real, abrindo espaço para discussão de temas relevantes sem reproduzir ideias ultrapassadas.
Essas dez produções são apenas o começo. Poderíamos citar na lista também algumas animações, como “She-Ra e as Princesas do Poder”, “Kipo e os Animonstros” e “Bluey” como alternativas livres de objetificação. Algumas pessoas também destacaram séries mais antigas que, mesmo tendo se saído bem no teste do tempo, poderiam melhorar em determinados pontos de representatividade.
Em um cenário em que cada vez mais vozes se erguem contra o machismo na mídia, encontrar séries livres de machismo é uma ótima forma de apoiar boas práticas de produção cultural. Seja em comédias, dramas ou animações, há títulos que se empenham em mostrar personagens femininas fortes, relacionamentos equilibrados e roteiros livres de opressão de gênero.
Ao dar chance a essas opções, podemos sinalizar para a indústria que já não há mais espaço para programas baseados em piadas de mau gosto ou velhos estereótipos. Em 2025 e nos anos seguintes, a expectativa é que surjam ainda mais séries inovadoras, inclusivas e prontas para encantar sem ofender. Afinal, o entretenimento pode (e deve) evoluir junto com a sociedade.