Crítica De Respira: Vale A Pena Assistir a Série?

Respira, série espanhola de 2024 disponível na Netflix, mergulha no caos de um hospital público em Valência. Criada por Carlos Montero, conhecido por Elite, a produção de oito episódios mistura drama médico com tensão política. Najwa Nimri lidera o elenco como a cirurgiã Belén, enfrentando uma greve iminente e dilemas éticos. Com um tom urgente, a série questiona o colapso do sistema de saúde. Mas será que convence? Nesta análise, dissecamos acertos e falhas para guiar sua escolha.

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Premissa ambiciosa no coração do hospital

A trama gira em torno do Hospital Joaquim Sorolla, onde cortes orçamentários e sobrecarga de pacientes geram tensão constante. Belén Salas, chefe de cirurgia, lida com cirurgias de risco enquanto negocia com sindicatos. A ameaça de greve paralisa o atendimento, expondo rachaduras no sistema espanhol. Subtramas pessoais, como vícios familiares e romances proibidos, entrelaçam-se ao drama profissional.

Montero inspira-se em realities médicos, mas adiciona camadas políticas. Episódios iniciais capturam o frenesi de emergências, com cenas de triagem que ecoam a realidade pós-pandemia. No entanto, o enredo estica reviravoltas previsíveis, como traições internas e escândalos éticos. O foco na greve é relevante, mas perde fôlego ao priorizar melodrama sobre profundidade sistêmica.

Elenco estelar com atuações marcantes

Najwa Nimri domina como Belén, transmitindo exaustão e determinação com olhares penetrantes. Sua Belén é uma líder quebrada, equilibrando maternidade e carreira. Aitana Sánchez-Gijón, como a enfermeira Pilar, traz vulnerabilidade crua, especialmente em cenas de confronto familiar. Blanca Suárez interpreta Jessica, residente ambiciosa, com energia fresca que contrasta o cansaço dos veteranos.

O elenco de apoio, incluindo Antonio Gil como o diretor hospitalar e Xabier Murua como um sindicalista, enriquece o mosaico. Destaques vão para os jovens residentes, cujas inseguranças refletem a precariedade da profissão. Apesar da química coletiva, alguns papéis secundários, como o filho viciado de Pilar, caem em estereótipos, limitando o impacto emocional.

Direção visual e ritmo irregular

A direção de Carlos Montero e equipe opta por um estilo dinâmico, com cortes rápidos e iluminação fluorescente que amplifica a urgência. Cenas operatórias lembram Grey’s Anatomy, com handheld camera que imerge o espectador no caos. A trilha sonora minimalista, com batidas eletrônicas, reforça o pulso acelerado do hospital.

Contudo, o ritmo vacila. Episódios iniciais fluem com maestria, construindo suspense na greve. Mas o meio da temporada arrasta diálogos repetitivos sobre burocracia, diluindo a tensão. O final, com uma resolução apressada, deixa fios soltos, como investigações internas, sem fechamento satisfatório. Para uma série de oito episódios, faltou edição mais afiada.

Temas políticos e humanos em foco

Respira vai além do procedural médico ao criticar o subfinanciamento da saúde pública. A greve não é mero pano de fundo; ela humaniza personagens, mostrando como políticas afetam vidas reais. Belén, forçada a operar sem recursos, encarna o dilema ético de médicos na linha de frente. Subtramas exploram burnout, vícios e desigualdades, com toques feministas na liderança das mulheres.

Esses elementos ressoam na Espanha atual, marcada por debates sobre sanidade. No entanto, a série peca em sutileza: discursos sindicais soam didáticos, e o viés pró-médicos ignora perspectivas de pacientes. Comparada a The Good Doctor, que equilibra emoção e medicina, Respira prioriza drama sobre precisão técnica, frustrando quem busca realismo.

Pontos fortes e limitações evidentes

Os acertos residem nas atuações, especialmente Nimri, que eleva cenas banais a momentos intensos. A ambientação realista, filmada em hospitais valencianos, cria imersão palpável. Temas de resiliência feminina e crítica social oferecem camadas para discussões pós-créditos.

Limitações incluem roteiros inconsistentes, com reviravoltas forçadas que sacrificam lógica. O pacing irregular testa a paciência, e a falta de diversidade em papéis de pacientes reforça estereótipos. Para uma estreia de Montero no gênero, é um passo sólido, mas longe de um marco.

Vale a pena assistir?

Respira atrai fãs de dramas médicos com toques políticos. Se você curte Grey’s Anatomy ou The Resident, os primeiros episódios prendem com urgência autêntica. Najwa Nimri é motivo suficiente para maratonar. Contudo, o arrasto central e resoluções fracas podem desanimar quem busca coesão.

Ideal para quem valoriza representações europeias da saúde pública, é uma série de nicho na Netflix. Com uma segunda temporada confirmada, há potencial para refinamento. Assista se o tema greve e burnout ressoar; pule se preferir narrativas mais leves. No fim, respira fundo antes de mergulhar – o ar no hospital é rarefeito.

Respira pulsa com vitalidade em seu núcleo humano, impulsionada por um elenco impecável e uma crítica afiada ao sistema de saúde. Carlos Montero entrega uma visão valenciana crua, misturando cirurgia e sociedade com intensidade. Apesar de tropeços no ritmo e na originalidade, a série convence como retrato urgente de profissionais exaustos. Em 2024, quando debates sobre sanidade ecoam globalmente, Respira é um sopro necessário, ainda que ofegante. Para amantes do gênero, vale o oxigênio gasto.

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Magdalena Schneider
Magdalena Schneider
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