Minha Vida em Marte, lançado em 2018, marca o retorno de Fernanda e Aníbal ao cinema brasileiro. Dirigido por Susana Garcia e roteirizado por Mônica Martelli, Paulo Gustavo, Emanuel Aragão e Julia Lordello, o filme continua a saga da comédia romântica iniciada em Os Homens São de Marte… e É pra lá que Eu Vou. Com foco na superação pós-casamento, a produção explora dilemas femininos com humor leve. Apesar do sucesso nas bilheterias – mais de R$ 80 milhões arrecadados –, a recepção crítica foi mista. Nesta análise, destrinchamos os acertos e falhas para decidir se o filme resiste ao tempo, sete anos após sua estreia.
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Premissa cotidiana e relatable
Fernanda, agora casada com Tom e mãe de Joana, enfrenta o desgaste do matrimônio. O que era paixão virou rotina, com discussões sobre fraldas e finanças. Sua salvação surge no melhor amigo Aníbal, que a incentiva a questionar o relacionamento. Juntos, eles navegam por festas de solteira, encontros desastrosos e reflexões sobre independência.
A trama acerta ao retratar o “depois do felizes para sempre”. Diferente de comédias idealizadas, aqui o casamento é mostrado como labirinto de concessões. Momentos como a cena da sex shop, com Guida Vianna roubando a cena, capturam o absurdo do cotidiano. No entanto, o enredo segue fórmulas previsíveis. Reviravoltas, como o flerte com Bruno, carecem de surpresa, e o ritmo fragmentado – quase em esquetes – dilui a coesão, como criticado no Papo de Cinema.
Elenco afiado e química imbatível
Mônica Martelli brilha como Fernanda, equilibrando vulnerabilidade e humor afiado. Sua interpretação evolui da solteira caótica do primeiro filme para uma mulher madura, dividida entre maternidade e desejo. Paulo Gustavo, como Aníbal, é puro carisma. Seu timing cômico, em diálogos rápidos sobre apps de paquera, eleva cenas banais a pérolas de riso. A dupla repete a sintonia do original, potencializando o afeto platônico que sustenta a narrativa.
Marcos Palmeira, como Tom, traz solidez ao marido relutante, enquanto Fiorella Mattheis e Ricardo Pereira adicionam frescor aos coadjuvantes. Anitta surge em cameo divertida, e Marianna Santos, como Joana, injeta inocência. O elenco é o coração do filme, elogiado por sites como AdoroCinema por sua autenticidade. Ainda assim, personagens secundários, como o de Dudu Pelizzari, ficam subutilizados, servindo mais como alívio cômico do que como engrenagens da trama.
Direção leve, mas sem ousadia
Susana Garcia comanda com eficiência, priorizando o tom intimista. Filmado no Rio de Janeiro, o visual capta a efervescência urbana, com takes dinâmicos em festas e apartamentos aconchegantes. A edição ágil mantém o fluxo, e a trilha sonora pop reforça o espírito leve. Garcia acerta ao evitar excessos visuais, focando no diálogo como motor cômico.
Porém, a direção peca pela falta de inovação. O roteiro compartimentado, em vinhetas desconexas, como apontado na Cinema com Rapadura, interrompe o arco principal. Falta profundidade em temas como divórcio e amizade, reduzidos a piadas superficiais. Comparado a comédias contemporâneas, como Benzinga de 2023, o filme parece datado, preso a estereótipos de gênero que o primeiro longa já explorava.
Diálogos atuais e humor brasileiro
Os diálogos são o grande trunfo. Frases como “Casamento é como emprego: no início empolga, depois vira rotina” ecoam verdades universais, com sotaque carioca autêntico. Paulo Gustavo e Mônica Martelli constroem humor a partir do ordinário – de massagens eróticas falhas a dilemas parentais. Isso rendeu elogios no Jornal do Brasil, que destacou a química ampliada da dupla.
O humor brasileiro, irreverente e autodepreciativo, brilha em cenas como a festa infantil com o anão Gigante Léo. No entanto, repetições minam o frescor: piadas sobre solteirice reaparecem sem variação, e o machismo latente, criticado no Coisa de Cinéfilo, persiste em esboços de personagens femininos. Em 2025, com debates sobre representatividade, isso soa anacrônico.
Temas de empoderamento e maternidade
O filme toca em empoderamento feminino de forma sutil. Fernanda questiona o papel de esposa provedora, priorizando autodescoberta. Cenas com Joana humanizam o conflito, mostrando o impacto do divórcio na infância. Aníbal, como aliado queer, reforça laços não românticos, um acerto em tempos de diversidade.
Ainda assim, o empoderamento é superficial. Soluções chegam via comédia, não reflexão profunda, e a maternidade é romantizada, ignorando camadas reais. Em retrospecto, de 2025, falta interseccionalidade – raça e classe são subexploradas em um elenco majoritariamente branco.
Vale a pena assistir em 2025?
Sete anos depois, Minha Vida em Marte resiste como guilty pleasure. Para fãs de Paulo Gustavo, eternizado em 2021, é uma homenagem tocante à sua leveza. A química com Martelli evoca nostalgia, e o humor cotidiano diverte em sessões familiares. Disponível em plataformas como Netflix e Prime Video, é binge-watch rápido de 110 minutos.
No entanto, para novos espectadores, o enredo rotineiro e diálogos datados podem cansar. Se busca comédias frescas, opte por A Sogra Perfeita ou Que Corpo É Esse?. Vale para quem ri de si mesmo nos tropeços amorosos, mas não redefine o gênero.
Minha Vida em Marte é um retrato afetuoso do caos conjugal, impulsionado pela dupla Martelli-Gustavo. Seu sucesso bilheteria prova apelo universal, mas falhas no roteiro e falta de inovação limitam o legado. Em 2025, serve como cápsula do humor brasileiro pré-pandemia: reconfortante, mas não essencial. Assista pela amizade improvável que ilumina a tela – e pelo riso que ecoa além dos créditos.
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