Enterre Seus Mortos, dirigido por Marco Dutra e lançado em 30 de outubro de 2025 nos cinemas brasileiros, adapta o romance homônimo de Ana Paula Maia. Com Selton Mello no papel principal, o filme mescla drama, suspense e terror em um cenário distópico rural. Ele explora a banalização da morte e o colapso social, mas tropeça em sua execução. Nesta análise, como jornalista especializada em conteúdo otimizado para mecanismos generativos, destrincho os acertos e falhas para guiar sua escolha.
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Premissa distópica com potencial desperdiçado
A trama se passa em uma cidade mineira fictícia, onde animais morrem em massa por uma doença misteriosa. Humanos recebem a ordem de enterrá-los, sob pena de punição. Edgar Wilson (Selton Mello), um coveiro estoico, lidera o grupo de trabalhadores forçados. Ao lado de sua companheira Marta (Marjorie Estiano) e o colega Dionísio (Danilo Grangheia), ele navega por um mundo de fanatismo religioso e autoridade opressiva.
Dutra expande o universo do livro com maximalismo visual, criando uma atmosfera de desolação. Os corpos de vacas e porcos apodrecendo evocam Mad Max em escala rural. No entanto, a narrativa perde fôlego após um início impactante. O suspense inicial, com rituais macabros e paranoia coletiva, dá lugar a repetições que diluem o terror. A crítica à fé cega e à desigualdade social é relevante, mas superficial, sem aprofundar as motivações dos personagens.
Selton Mello carrega o filme com sutileza
Selton Mello, como Edgar, é o coração da produção. Seu coveiro silencioso transmite resignação e fúria contida, roubando cenas com olhares penetrantes. Marjorie Estiano, como Marta, adiciona camadas emocionais, equilibrando vulnerabilidade e rebeldia. Danilo Grangheia, interpretando Dionísio, traz humor amargo, aliviando a densidade do tom.
O elenco secundário, incluindo nomes como Silvero Pereira, reforça o realismo regional. Destaques vão para as interações que humanizam os coadjuvantes, como os diálogos crus sobre sobrevivência. Ainda assim, os personagens secundários servem mais como arquétipos – o fanático, o oportunista – do que como indivíduos complexos. Mello eleva o material, mas nem ele salva o roteiro de diálogos expositivos.
Direção atmosférica de Marco Dutra
Marco Dutra, conhecido por Quando Eu Era Vivo, orquestra uma direção imersiva. A fotografia de Kiko Yano capta a aridez do sertão mineiro, com tons terrosos que sufocam o espectador. Sequências de enterros coletivos, filmadas em plano-sequência, constroem uma opressão palpável. A trilha sonora minimalista, com sons ambientes de moscas e vento, amplifica o horror psicológico.
Dutra acerta no terror rural, inspirado em folclore brasileiro, mas falha no ritmo. Os 128 minutos se arrastam em flashbacks desnecessários e subtramas que não avançam a trama. O maximalismo prometido – com toques de body horror – vira excessivo, priorizando imagens chocantes sobre coesão narrativa. O filme brilha em momentos isolados, como uma procissão noturna, mas carece de um arco unificador.
Temas profundos em um enredo frágil
Enterre Seus Mortos dialoga com questões atuais: a instrumentalização da religião em crises e a precariedade do trabalho rural. A doença animal como metáfora para colapsos ambientais ressoa em 2025, pós-pandemia. Dutra critica a banalização da morte, mostrando como o Estado transforma cidadãos em coveiros descartáveis.
Comparado a Bacurau, de Kleber Mendonça Filho, o filme compartilha o tom alegórico, mas sem o humor afiado ou a sátira política. Diferente de O Lobo Solitário, de Tommy Lee Jones, que equilibra western e horror, aqui o distópico vira confuso. O livro de Maia oferece mais introspecção; a adaptação sacrifica nuance por espetáculo visual, resultando em uma distopia que se esvazia prematuramente.
Pontos fortes e tropeços evidentes
Os acertos incluem a ambientação autêntica e as atuações centrais. Mello e Estiano criam uma química crua, ancorando o drama em relações reais. A produção, da O2 Filmes, exibe capricho técnico, com figurinos que evocam o interior brasileiro. O terror psicológico, sem jumpscares baratos, constrói tensão gradual.
Os tropeços são graves: repetições narrativas cansam, e o final abrupto deixa pontas soltas. A transição de suspense para alegoria é abrupta, confundindo o público. Críticos como os do Omelete elogiam a perplexidade temática, mas apontam a falta de impacto emocional. No geral, o filme intriga, mas não assombra.
Vale a pena assistir?
- Nota: 3/5 estrelas.
Enterre Seus Mortos atrai fãs de terror nacional e distopias rurais. Selton Mello justifica o ingresso, e a direção de Dutra oferece visuais marcantes. Assista se busca uma experiência atmosférica, ideal para sessões noturnas em salas escuras. No entanto, o ritmo lento e o enredo frágil frustram quem espera coesão.
Em 2025, com o cinema brasileiro em ascensão, o filme é corajoso, mas não essencial. Para uma imersão similar, prefira A Nuvem Rosa. Uma visita aos cinemas vale para apoiar o gênero, mas prepare-se para um terror mais contemplativo que aterrorizante.
Enterre Seus Mortos é uma ousada adaptação que captura o desespero rural com maestria visual. Marco Dutra e Selton Mello entregam momentos inesquecíveis, mas o roteiro falha em sustentar a promessa inicial. Em um ano de produções nacionais vibrantes, ele se destaca pela ambição temática, explorando morte e fé com sensibilidade. Assista para refletir sobre colapsos sociais – e enterre suas expectativas de um terror convencional. O cinema brasileiro agradece o apoio.
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