Crítica de Bom Menino – Vale a pena assistir ao filme?

Bom Menino, lançado em 30 de outubro de 2025 nos cinemas brasileiros, traz uma abordagem fresca ao terror. Dirigido por Ben Leonberg, com roteiro dele e de Alex Cannon, o filme dura 1h13min e mistura suspense e horror sobrenatural. O elenco inclui Shane Jensen, Arielle Friedman e Larry Fessenden. Filmado do ponto de vista de um cachorro, o longa especula sobre como os cães percebem o mundo além do visível. Com o pet Indy no papel principal, a produção equilibra sustos, fofura e melancolia. Mas será que inova o suficiente para se destacar? Nesta crítica, analisamos os elementos chave para ajudar você a decidir.

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Premissa que reinventa o terror

A história gira em torno de Indy, um cachorro que acompanha seu dono, Todd (Shane Jensen), em uma casa isolada nos bosques. Todd, recém-saído do hospital com um problema pulmonar crônico, herda a propriedade do avô falecido. Lá, ele e Indy enfrentam fenômenos estranhos: portas que se abrem sozinhas, sombras que se movem e sussurros noturnos. A câmera fica na altura dos joelhos, capturando o mundo como Indy o vê – borrado, instintivo e cheio de mistérios.

Leonberg usa o sonho como ferramenta narrativa. Uma perseguição aterrorizante não termina em acordar, mas se funde à realidade, com uma figura lamacenta emergindo das trevas. Isso sugere que Indy sente presenças que humanos ignoram, talvez espíritos ou a própria morte rondando Todd. A casa, com seu porão úmido e quarto de taxidermia, vira labirinto de horrores. Fitas VHS antigas revelam segredos familiares, como mortes prematuras no cemitério da propriedade. O vizinho caçador avisa sobre armadilhas e menciona o cão perdido do avô, plantando sementes de dúvida.

A premissa evita diálogos excessivos, priorizando sons e imagens. Cachorros detectam câncer ou medo por cheiros, e o filme estende isso ao sobrenatural. Não é só um gimmick; questiona lealdade canina e amor incondicional. Ainda assim, o enredo depende de pistas óbvias, como o bilhete do avô ou o cheiro de morte no porão, que preveem o clímax sem surpreender.

Elenco humano e canino em sintonia

Shane Jensen convence como Todd, um homem frágil que tosse sangue enquanto ignora os alertas de Indy. Sua vulnerabilidade contrasta com a força instintiva do cão, criando tensão silenciosa. Arielle Friedman, como a irmã Vera, aparece em visitas breves, mas impactantes, alertando sobre a “maldição” da casa. Larry Fessenden, veterano do terror indie, surge como o vizinho, adicionando camadas de folclore local com poucas linhas.

Indy rouba a cena. Filmado sem truques de antropomorfismo, o cachorro expressa terror com olhos arregalados e orelhas baixas. Leonberg, dono do pet, captura olhares que misturam confusão e proteção. Não há voz em off; interpretamos seus “pensamentos” por ações, como urinar de medo ou se esconder no porão coberto de lama. Essa escolha torna o filme acessível a famílias, mas profundo para quem busca emoção pura. Jensen e Friedman sustentam o drama humano, mas o foco canino limita interações, deixando alguns arcos subdesenvolvidos, como o passado de Todd.

Direção visual que imerge no instinto

Ben Leonberg dirige com economia, usando o POV canino para criar imersão total. A câmera treme levemente, simulando galopes e farejadas, enquanto sons amplificados – rangidos de madeira, uivos do vento – evocam audição canina aguçada. A casa, com tetos gotejantes e sótão empoeirado, vira personagem viva, cheia de texturas táteis que Indy explora.

Os sonhos de Indy borram com a realidade, ecoando David Lynch em sua surrealidade. Uma perseguição noturna transita para uma mão enlameada estendendo-se, sem cortes abruptos. A taxidermia do avô – animais empalhados com olhos de vidro – simboliza morte preservada, contrastando com a vitalidade de Indy. A fotografia em tons frios e úmidos reforça o isolamento, mas evita jump scares baratos; o terror surge da empatia com o cão.

O roteiro, co-escrito por Cannon, mantém mistério sem excessos. Diálogos são esparsos, como “Você cheira a morte” ao encontrar Indy sujo. Isso foca na atmosfera, mas o ritmo lento – com longas cenas de observação – pode testar espectadores impacientes. Ainda assim, a duração curta beneficia a narrativa, evitando fadiga.

Pontos fortes e tropeços sutis

Os acertos incluem a imersão sensorial e o equilíbrio entre susto e coração. Indy como metáfora de lealdade toca fundo, questionando se cães veem a morte como nós. A casa amaldiçoada, com cemitério e fitas VHS, constrói folclore orgânico. Sem nudez ou gore excessivo, o filme é acessível, mas impactante.

Tropeços vêm da previsibilidade: o clímax, com revelação sobre o avô, segue fórmulas de casa assombrada. O POV limita diálogos profundos, deixando Todd como esboço. Sons amplificados, embora criativos, às vezes viram ruído branco. No geral, inova sem revolucionar, ideal para quem busca terror reflexivo.

Vale a pena assistir a Bom Menino?

Sim, para amantes de horror indie. A perspectiva canina cativa, misturando medo e afeto em 73 minutos ágeis. Perfeito para uma sessão noturna nos cinemas ou VOD como Amazon Prime. Se prefere ação frenética, pode frustrar pelo ritmo contemplativo. Com classificação indicativa para maiores de 14, é uma joia subestimada que honra o laço homem-cão. Assista e sinta o arrepio – e o quentinho.

Bom Menino prova que o terror pode ser inovador sem exageros. Com direção imersiva de Leonberg e Indy como estrela improvável, o filme medita sobre perda e lealdade através de olhos caninos. Apesar de previsibilidades, sua atmosfera única e emoção pura o tornam essencial para o gênero em 2025. Nos cinemas agora, é uma experiência que fica na memória – e no coração dos donos de pets.

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Magdalena Schneider
Magdalena Schneider
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