Crítica de Balada de um Jogador: Vale a pena assistir?

Balada de um Jogador, dirigido por Edward Berger e lançado na Netflix em 29 de outubro de 2025, adapta o romance de Lawrence Osborne. Com 1h42min de duração, o drama de suspense segue um apostador britânico em fuga para Macau. Colin Farrell interpreta Lord Doyle, um homem atormentado pelo vício, que se apaixona por Su-Mei (Fala Chen), uma prostituta de cassino. Tilda Swinton surge como Betty, uma figura misteriosa do passado dele. Berger, de Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo e Conclave, promete um mergulho na decadência. Mas o filme entrega mais estilo que substância? Analisamos trama, elenco e impacto para decidir se vale o play.

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Premissa envolvente, execução irregular

O enredo abre com Doyle fugindo de dívidas em Hong Kong para os cassinos de Macau nos anos 1950. Ele busca redenção no jogo, mas encontra amor em Su-Mei, uma jovem ambiciosa que sonha em escapar da vida noturna. Betty, uma viúva enigmática, surge como catalisadora de tensão, revelando segredos que ameaçam o frágil equilíbrio de Doyle. A narrativa explora vício, identidade e o choque cultural entre Ocidente e Oriente.

Berger constrói uma atmosfera opressiva, com flashbacks que entrelaçam passado e presente. O roteiro de Rowan Joffe, fiel ao livro, destaca o niilismo de Osborne. No entanto, o ritmo vacila. Cenas de cassino, cheias de fumaça e neon, hipnotizam, mas repetem padrões previsíveis. O suspense perde força em diálogos expositivos, transformando mistério em melodrama forçado. É um conto de queda moral que tropeça na própria ambição.

Colin Farrell brilha em meio ao vazio

Farrell carrega o filme nas costas. Como Doyle, ele incorpora um homem erodido pelo jogo: olhos vazios, mãos trêmulas, um sotaque britânico que ecoa desespero. Sua química com Chen, sutil e carregada de subtexto, eleva cenas íntimas. Chen, em seu papel de estreia global, transmite resiliência com olhares afiados, tornando Su-Mei mais que um arquétipo.

Swinton, como Betty, é magnética, mas o personagem soa caricatural – uma femme fatale que beira o absurdo. O elenco secundário, incluindo atores locais em papéis de cassino, adiciona autenticidade cultural. Ainda assim, o roteiro falha em dar camadas aos coadjuvantes, deixando-os como acessórios visuais.

Direção visual deslumbrante, mas excessiva

Berger domina a forma. A fotografia de Stéphane Fontaine, com tons dourados e sombras profundas, transforma Macau em um labirinto onírico. Cenas de roleta giram como rodas do destino, e a montagem evoca o caos interno de Doyle. A trilha de Volker Bertelmann, minimalista e tensa, amplifica o isolamento.

Porém, o excesso direcional afoga a essência. Berger, obcecado por estilo, sacrifica emoção por espetáculo. O filme parece um videoclipe estendido, com ângulos dramáticos que gritam “arte” sem substância. Em um ano de produções Netflix como Conclave, ele repete fórmulas, priorizando estética sobre narrativa coesa.

Temas profundos, mas superficiais

O filme aborda o colonialismo tardio em Macau, o vício como fuga e a ilusão de redenção. Doyle representa o declínio imperial britânico, perdido em um Oriente exótico. Su-Mei encarna aspirações frustradas pela pobreza e exploração. Betty simboliza o passado inescapável, um eco de culpa coletiva.

Esses elementos ressoam, mas Berger os trata com leveza. O suspense sobre o segredo de Doyle constrói expectativa, mas resolve-se de forma anticlimática. Críticos notam a falta de punch emocional: é bonito, mas vazio. Comparado a O Jogador de Scorsese, falta a crueza visceral.

Pontos fortes e limitações

Forças incluem a performance de Farrell, que humaniza Doyle, e a imersão em Macau, recriada com detalhes históricos precisos. O final ambíguo provoca reflexão sobre ciclos viciosos.

Limitações pesam mais: over-direction ofusca personagens, e o suspense evapora em repetições. Com 62% no Rotten Tomatoes, reflete divisão: visual elogiado, profundidade questionada. É um filme que impressiona os olhos, mas deixa o coração intocado.

Vale a pena assistir?

  • Nota: 6/10.

Sim, se você ama visuais hipnóticos e Farrell em modo sombrio. É uma sessão de 1h42min que entretém superficialmente, ideal para noites chuvosas. Não, se busca drama coeso ou suspense tenso – opte por clássicos como Cassino Royale.

Viewers na Netflix elogiam o “brilhante” elenco e música, chamando de “must-watch”. Para 2025, é uma adição mediana ao catálogo, melhor que fillers, pior que pérolas.

Balada de um Jogador é um enigma: belo na superfície, frágil no cerne. Berger entrega Macau como um sonho febril, mas falha em conectar emocionalmente. Farrell e Chen salvam o dia, mas o excesso estilístico afasta. Em um ano de blockbusters, é uma aposta arriscada – visualmente vencedora, narrativamente perdedora. Assista pela jornada, não pela chegada.

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Magdalena Schneider
Magdalena Schneider
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