Crítica de Tremembé: Vale a pena assistir à série?

Tremembé, minissérie brasileira de crime e drama lançada em 31 de outubro de 2025 no Prime Video, mergulha no universo sombrio da Penitenciária de Tremembé, o presídio que abriga os criminosos mais famosos do Brasil. Dirigida por Vera Egito e roteirizada por um time que inclui Ullisses Campbell, a produção de oito episódios retrata rivalidades, amores proibidos e segredos entre detentos notórios. Com Marina Ruy Barbosa no papel de Suzane von Richthofen, ao lado de João Pedro Mariano e Carol Garcia, a série promete um true crime pop. Mas equilibra entretenimento e responsabilidade? Nesta análise, destrinchamos acertos e falhas para guiar sua escolha.

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Premissa sensacionalista em um presídio real

A narrativa se passa na Penitenciária Doutor José Augusto César Salgado, conhecida como “prisão das celebridades”. Aqui, condenados por crimes chocantes convivem em um microcosmo de tensão e alianças frágeis. A série foca na rotina diária: brigas por celas, festas clandestinas e manipulações emocionais. Flashbacks breves relembram os atos violentos, mas sem gore excessivo.

Essa abordagem transforma fatos reais em drama novelesco. Suzane von Richthofen, Anna Carolina Jatobá e Elize Matsunaga ganham letreiros de introdução, como vilãs de quadrinhos. A criadora explora a fascinação pública por esses casos, mas prioriza o leve sobre o pesado. O resultado é um true crime que flerta com o absurdo, semelhante a Esquadrão Suicida em uma cela. No entanto, a superficialidade ignora traumas das vítimas, priorizando o voyeurismo.

Elenco carismático, mas personagens estereotipados

Marina Ruy Barbosa encarna Suzane com afetação patricinha, misturando charme e frieza em cenas de sedução. Sua performance, marcada por olhares calculados, captura a essência da personagem real sem cair no caricatural. João Pedro Mariano, como um detento enigmático, traz intensidade dramática, elevando diálogos tensos. Carol Garcia, no papel de Elize Matsunaga, rouba cenas iniciais com vulnerabilidade crua, destacando-se pela naturalidade.

Bianca Comparato, como Anna Carolina Jatobá, adiciona camadas de raiva contida. O elenco secundário, incluindo veteranos como Paulo Vilhena, enriquece as dinâmicas de grupo. Contudo, os arcos são rasos: criminosos viram arquétipos – a manipuladora, a vingativa – sem exploração profunda de arrependimentos ou redenções. Isso limita o impacto emocional, tornando-os mais ícones midiáticos do que humanos complexos.

Direção energética e trilha sonora pop

Vera Egito dirige com ritmo acelerado, usando freeze-frames e transições ágeis para manter o pulso narrativo. A fotografia capta a opressão do presídio com tons cinzentos, contrastando com explosões de cor em festas noturnas. Locais reais em São Paulo adicionam autenticidade, enquanto a montagem rápida evita monotonia.

A trilha sonora é um acerto: faixas como “Perigosa”, das Frenéticas, embalam manipulações com ironia pop. Canções licenciadas pontuam o texto, criando um som de novela moderna. Ainda assim, o tom oscila: momentos cômicos colidem com flashbacks sombrios, gerando desconexão. A produção de alto valor, com cenas de multidão bem coreografadas, justifica o investimento do Prime Video, mas peca na sutileza.

True crime irresponsável ou entretenimento guilty pleasure?

Tremembé ignora debates éticos do gênero. Diferente de Black Bird, que humaniza vítimas, ou Monster, com sua ambiguidade moral, a série romantiza detentos sem contextualizar danos. Flashbacks de segundos vendem o “sinistro” como marketing, não reflexão. Isso pode chocar quem busca responsabilidade, mas atrai quem quer uma espiada voyeurística.

No contexto brasileiro, a produção toca em desigualdades carcerárias: superlotação e privilégios para “famosos”. Porém, o foco em intrigas pessoais dilui críticas sociais. Comparada a Sintonia, que explora favelas com empatia, Tremembé fica no superficial. É um guilty pleasure para fãs de true crime leve, mas frustra quem espera profundidade.

Ritmo irregular e final apressado

Os oito episódios de 45 minutos começam fortes, com introduções impactantes. O meio, porém, arrasta subtramas de alianças frágeis, repetindo padrões de traição. O clímax acelera reviravoltas, resolvendo arcos em rushes que sacrificam coerência. Sem spoilers, o desfecho prioriza choque sobre resolução, deixando pontas soltas.

Essa irregularidade reflete o equilíbrio precário entre pop e drama. Momentos de humor, como brigas cômicas por banheiros, aliviam a tensão, mas destoam do tom sombrio. Para uma minissérie, o formato poderia ser mais enxuto, evitando fillers que esticam o essencial.

Vale a pena assistir a Tremembé?

  • Nota: 6/10

Tremembé diverte como true crime pop, ideal para maratonas casuais. O elenco, liderado por Ruy Barbosa e Garcia, e a direção vibrante de Egito prendem o olhar. É perfeita para quem curte Orange Is the New Black com toques brasileiros, oferecendo risos irônicos e intrigas leves.

No entanto, a falta de seriedade e responsabilidade pode repelir espectadores sensíveis a casos reais. Com nota média de 6/10 em plataformas iniciais, é inofensiva, mas não inovadora. Assista se busca entretenimento escapista; pule se prefere narrativas éticas como The Staircase. No catálogo do Prime Video, destaca-se pela representatividade nacional, mas não redefine o gênero.

Tremembé é um experimento ousado: true crime sem freios morais, embalado em pop e drama. Com atuações marcantes e visual dinâmico, entretém sem pretensões profundas. Marina Ruy Barbosa brilha como Suzane, enquanto Vera Egito injeta energia em um presídio que fascina e repele. Apesar de falhas em ritmo e ética, a série captura a mórbida curiosidade brasileira por seus “monstros”. Em 2025, é um acerto guilty pleasure do Prime Video – assista, mas reflita sobre o que consome.

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Magdalena Schneider
Magdalena Schneider
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