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Crítica de Os Donos do Jogo: Vale a pena assistir?

Os Donos do Jogo, série brasileira da Netflix lançada em 29 de outubro de 2025, mergulha no submundo do jogo do bicho no Rio de Janeiro. Dirigida por Heitor Dhalia e criada em parceria com Bernardo Barcellos e Bruno Passeri, a produção de oito episódios promete um “Game of Thrones carioca”. Com um elenco estelar e uma narrativa de intrigas familiares, ela explora corrupção e violência na máfia dos jogos de azar. Mas entrega o impacto esperado? Nesta análise, destrinchamos os acertos e falhas para guiar sua escolha.

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Premissa ambiciosa no caos carioca

A trama segue Jefferson Moraes, o Profeta (André Lamoglia), um jovem ambicioso que ascende no império ilegal do jogo do bicho. Quatro famílias rivais – os Moraes, Guerra, Fernandez e Saad – disputam territórios e poder na Cidade Maravilha. De alianças frágeis a traições sangrentas, a série mistura drama familiar com ação crua, mostrando como o crime infiltra carnaval, política e finanças.

Inspirada na realidade do jogo do bicho, que movimenta bilhões anualmente, a narrativa resgata elementos históricos sem ser biográfica. Dhalia define como “máfia tropical”, com toques de folclore e samba que humanizam os bandidos. O primeiro episódio prende com uma abertura épica e um assassinato que ecoa vinganças clássicas. No entanto, o ritmo inicial acelera demais, sacrificando camadas para priorizar tiroteios. Reviravoltas abundam, mas algumas parecem forçadas, diluindo o suspense em melodramas previsíveis.

Elenco forte impulsiona personagens complexos

André Lamoglia convence como Profeta, um outsider carismático que equilibra inocência e ferocidade. Sua jornada de ascensão reflete dilemas morais, com cenas intensas que destacam sua vulnerabilidade. Xamã, como Búfalo, rouba holofotes com presença magnética, misturando humor negro e brutalidade. Giullia Buscacio brilha como Susana Guerra, uma herdeira manipuladora que navega traições com elegância fria.

Juliana Paes entrega Leila Fernandez com camadas de ambição materna, enquanto Chico Díaz, como Galego, incorpora o patriarca decadente com sutileza trágica. Mel Maia, como Mirna, adiciona frescor juvenil, contrastando com veteranos como Stepan Nercessian (Betão) e Bruno Mazzeo (Renzo Saad). O elenco secundário, incluindo Adriano Garib e Tuca Andrada, enriquece as dinâmicas familiares. Ainda assim, diálogos expositivos limitam alguns atores, forçando monólogos que soam artificiais em meio ao sotaque carioca autêntico.

Direção visual e sonora imersiva

Heitor Dhalia, de Paraíso dos Orquídeas, impõe uma direção visceral, com filmagens em locações reais do Rio que capturam o contraste entre favelas e Copacabana. A fotografia de José Roberto Eliezer usa tons saturados para evocar o calor opressivo, enquanto sequências de ação, como emboscadas noturnas, ganham fluidez com coreografias precisas. A trilha sonora, mesclando samba e eletrônica tensa, reforça o pulso da cidade.

Os roteiristas – Bernardo Barcellos, Mariana Torres e outros – constroem um mosaico de subtramas, explorando corrupção policial e influência no carnaval. Flashbacks enriquecem o lore, mas o episódio médio sofre com edições abruptas que quebram o fluxo. A produção da Paranoid, parceira da Netflix, investe em detalhes autênticos, como rituais do bicho, elevando o realismo. Críticas iniciais elogiam a ousadia, mas apontam excessos violentos que beiram o gratuito.

Mistura de ficção e realidade no crime organizado

A série navega entre invenção e fatos, inspirada na era de bicheiros como Castor de Andrade, sem retratá-los diretamente. Ela expõe tentáculos do jogo do bicho na sociedade: lavagem de dinheiro via escolas de samba e subornos políticos. Essa crítica social, sutil mas afiada, reflete o Brasil de 2025, onde o crime organizado persiste apesar de reformas.

Comparada a Narcos, Os Donos do Jogo é mais intimista, focando famílias em vez de impérios globais. Diferente de O Mecanismo, que critica elites, aqui o foco é no folclore criminal carioca, com toques de humor irônico. Influências de The Godfather aparecem nas lealdades sangrentas, mas o frescor brasileiro – com referências ao futebol e à feijoada – diferencia a produção. No catálogo da Netflix, ela rivaliza com Cidade Invisível em mitologia urbana, mas peca ao romantizar o crime em momentos.

Pontos altos e tropeços na narrativa

Os acertos incluem personagens multifacetados, como Audrey (Dandara Mariana), que questiona o ciclo de violência, e cenas de tensão que culminam em um episódio final explosivo. A diversidade do elenco reflete o Rio multicultural, e o roteiro aborda temas como machismo e herança familiar com sensibilidade. A duração de 45 minutos por episódio facilita o binge, com cliffhangers que incentivam maratonas.

Falhas surgem no equilíbrio: violência gráfica choca, mas nem sempre avança a trama, e subtramas românticas, como entre Profeta e Mirna, soam clichês. O final deixa ganchos para temporadas futuras, mas resolve arcos principais de forma abrupta, frustrando quem busca closure. Primeiras impressões, como na Omelete, destacam o potencial para virar hit, mas alertam para o risco de diluição em sequências.

Vale a pena mergulhar no império do bicho?

Os Donos do Jogo cativa fãs de crime dramas com sua autenticidade brasileira e elenco afiado. É ideal para quem curte intrigas familiares e visuais vibrantes, oferecendo uma visão fresca da máfia local. Com 4/5 estrelas em avaliações iniciais, como no AdoroCinema, ela promete discussões sobre poder e moralidade.

Se você prefere narrativas mais contidas, o excesso de reviravoltas pode cansar. Para uma estreia impactante na Netflix Brasil, vale o play – especialmente em um dia chuvoso. Prepare-se para torcer por vilões e questionar heróis. Em 2025, ela reforça o talento nacional no streaming global.

Os Donos do Jogo é uma vitória ousada para a Netflix, transformando o jogo do bicho em epopeia moderna. Com direção impecável de Dhalia e atuações que pulsam, a série captura o caos carioca sem julgar. Apesar de tropeços no ritmo, sua mistura de ação, drama e crítica social a torna essencial. No panteão de produções brasileiras, ela brilha como um bicho premiado. Assista e sinta o veneno da ambição.

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Magdalena Schneider
Magdalena Schneider
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