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Crítica de O Telefone Preto 2: a sequência que não precisava acontecer

Estreando nos cinemas em 16 de outubro de 2025, O Telefone Preto 2 marca o retorno de um dos filmes de terror mais comentados de 2022. Com direção de Scott Derrickson e roteiro coescrito com C. Robert Cargill, o longa tenta transformar um conto curto de Joe Hill (filho de Stephen King) em uma franquia de horror duradoura. Mas a pergunta que fica é: havia realmente mais história para contar?

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Um vilão que deveria ter descansado

O primeiro filme terminou de forma conclusiva. Finney (Mason Thames) derrotou o sádico assassino de crianças conhecido como The Grabber (Ethan Hawke), com a ajuda sobrenatural das vítimas anteriores e da sensitiva irmã Gwen (Madeleine McGraw). Era um fim fechado, com justiça simbólica e emocional.

A sequência, no entanto, revive o vilão – agora de forma sobrenatural –, transformando o que era um assassino real e aterrorizante em uma entidade capaz de agir através de sonhos. A inspiração em Freddy Krueger é evidente, mas sem a criatividade ou o impacto do antagonista de A Hora do Pesadelo. Desta vez, Hawke retorna sem o charme sombrio do primeiro filme, tornando o personagem mais genérico e menos assustador.

A trama se complica (sem necessidade)

Em vez de manter a simplicidade que funcionou no original, O Telefone Preto 2 aposta em uma narrativa exageradamente sobrecarregada. Finney e Gwen se encontram presos em um acampamento cristão em meio à neve, onde o Grabber começa a assombrá-los novamente.

A ambientação até traz boas oportunidades visuais, mas o roteiro é engessado por justificativas forçadas para manter os personagens isolados. Além disso, a tentativa de explorar o passado do Grabber, com novas vítimas e uma possível origem demoníaca, não acrescenta profundidade, apenas estende uma mitologia que nunca foi tão interessante assim.

Sobrecarga religiosa e simbolismo vazio

Uma das escolhas mais questionáveis é a inserção direta de elementos religiosos. O filme tenta sugerir que a fé seria a arma contra o mal, em uma analogia simplista entre céu e inferno. Essa mudança de tom parece buscar o mesmo público que impulsionou o sucesso da franquia Invocação do Mal, mas aqui ela soa calculada, pouco orgânica e sem o mesmo peso simbólico.

Em vez de enriquecer a narrativa, a religiosidade funciona mais como um atalho narrativo para justificar poderes, aparições e visões. É uma muleta espiritual que empobrece o conflito ao reduzi-lo a uma luta entre “Deus vs. demônio”.

Ethan Hawke: presença que se perde atrás da máscara

O retorno de Ethan Hawke como o Grabber era um dos grandes atrativos da sequência. No entanto, sua atuação é diluída por escolhas estilísticas que mantêm seu rosto oculto quase o tempo todo. A máscara continua impactante, mas Hawke não tem espaço para recriar o desconforto ambíguo que marcou o primeiro filme.

Na prática, sua performance poderia até ser apenas dublagem. A ameaça que ele representa perde força, e o vilão se torna previsível, genérico e sem carisma. Um desperdício do talento envolvido.

Estilo visual forçado e cenas pouco eficazes

A tentativa de diferenciar sonho e realidade é feita com uma estética 8mm granulada, que mais distrai do que contribui. O efeito pode até funcionar em curtas-metragens experimentais, mas aqui parece artificial demais, quebrando a imersão.

As sequências de susto e tensão também falham em criar impacto. A maioria das cenas de terror carece de ritmo, e a previsibilidade das aparições diminui a eficácia do suspense. O filme parece mais interessado em parecer profundo do que em realmente assustar ou entreter.

A franquia que não nasceu pronta

Assim como M3GAN 2.0, outro fracasso recente da Blumhouse, O Telefone Preto 2 é uma sequência que não entende o próprio sucesso anterior. O original funcionou por sua atmosfera, sua tensão emocional e por contar uma história fechada, com início, meio e fim. A continuação ignora tudo isso em nome de criar uma franquia.

A tentativa de expansão resulta em um filme desnecessariamente longo, confuso em suas regras internas e sem a tensão que tornou o primeiro um sucesso surpresa.

Considerações finais

O Telefone Preto 2 é a típica continuação que atende a um telefone que já deveria estar desligado. Ao tentar transformar uma história concisa em um universo expansivo, o filme perde sua força e entrega pouco mais do que um amontoado de ideias mal costuradas.

Faltam terror genuíno, personagens cativantes e um vilão à altura. Sobram explicações forçadas, simbolismo vazio e um tom calculado que tenta agradar a todos – e acaba não marcando ninguém.

Veredito final:
Se o telefone tocar, talvez seja melhor deixar no mudo.

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Magdalena Schneider
Magdalena Schneider
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