Crítica de Flores de Aço | Vale A Pena Assistir o Filme?

Flores de Aço, remake de 2019 da clássica comédia dramática de 1989, chega ao Prime Video como uma releitura fresca e necessária. Dirigido por Kenny Leon e roteirizado por Sally Robinson, o filme de 1h25min traz um elenco todo negro liderado por Queen Latifah. Ambientado em uma pequena cidade da Louisiana, ele segue seis mulheres unidas por laços de amizade, família e tragédia. Lançado originalmente no Lifetime e agora disponível para streaming ou aluguel, o longa celebra a resiliência feminina. Mas, em 2025, ainda ressoa? Nesta análise, destrinchamos seus méritos e falhas para decidir se vale o play.

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Uma Remake com Significado Cultural

O original de 1989, com Sally Field e Julia Roberts, capturou o espírito do sul dos EUA através de mulheres brancas. Esta versão atualiza isso com um elenco negro, refletindo comunidades sub-representadas. Queen Latifah interpreta M’Lynn Eatenton, mãe protetora de Shelby (Keke Palmer), uma jovem noiva com diabetes tipo 1. O salão de beleza Truvy’s, regido por Truvy (Alfre Woodard), torna-se um espaço de sororidade preta.

Leon, diretor de Fences, infunde autenticidade cultural. Diálogos ecoam gírias sulistas e referências à igreja negra, enriquecendo o tecido social. A trama central – casamento de Shelby, complicações médicas e luto – permanece intacta, mas ganha camadas sobre racismo velado e empoderamento. Críticos como o The Hollywood Reporter elogiaram essa escolha por dar voz a narrativas marginais. No entanto, alguns, como no Variety, notaram que a atualização é superficial, sem explorar profundamente desigualdades raciais na saúde ou família.

A produção, filmada em locações reais na Louisiana, evoca calor e umidade sulista. Figurinos florais e penteados icônicos remetem ao original, mas com toques afros: tranças, perucas volumosas e joias statement. Isso cria um visual vibrante, mas o orçamento de TV limita a grandiosidade. Ainda assim, o filme serve como ponte geracional, atraindo novos públicos enquanto homenageia o clássico.

Elenco Estelar e Performances Emocionais

Queen Latifah ancora o filme como M’Lynn, transformando uma mãe estoica em ícone de força quieta. Sua química com Keke Palmer, como a teimosa Shelby, explode em cenas de confronto familiar. Palmer, de A24’s Nope, traz rebeldia juvenil misturada a fragilidade, ecoando Julia Roberts, mas com nuance racial – sua recusa em priorizar saúde desafia estereótipos de “mulher forte preta”.

Alfre Woodard rouba cenas como Ouiser, a viúva rabugenta, injetando humor ácido e vulnerabilidade. Phylicia Rashād, de The Cosby Show, brilha como Clairee, a viúva elegante com língua afiada. Adepero Oduye, como Annelle, a cabeleireira tímida grávida, oferece doçura genuína, enquanto Jill Scott como Truvy adiciona calor maternal. Oduye, em particular, evolui de outsider para pilar do grupo, simbolizando aceitação comunitária.

As performances coletivas elevam o material. Risos em monólogos de Woodard contrastam com soluços em funerais, criando equilíbrio emocional. No entanto, o elenco feminino domina tanto que personagens masculinos, como o noivo de Shelby (Darius McCrary), parecem esboços. Isso reforça o foco em irmandade, mas deixa lacunas narrativas. Premiada no NAACP Image Awards por melhor remake, a escalação prova que diversidade impulsiona emoção autêntica.

Direção e Roteiro: Fidelidade e Atualizações

Kenny Leon dirige com sensibilidade teatral, priorizando close-ups que capturam microexpressões de dor e alegria. Sua experiência em Broadway transparece em diálogos ritmados, como a icônica cena do funeral, onde risos irrompem no choro. Sally Robinson adapta o roteiro de Robert Harling com toques modernos: menções a redes sociais e saúde mental atualizam o drama sem alterar o cerne.

Fidelidade ao original é um acerto – o equilíbrio entre comédia e tragédia persiste, com piadas sobre cabelos e dietas eternas. Atualizações incluem diálogos sobre empoderamento negro, como Ouiser encorajando Annelle a abraçar sua gravidez solteira. Mas falhas surgem: o ritmo acelera no terceiro ato, comprimindo o luto de M’Lynn, e transições flashback são abruptas. Comparado ao filme de Herbert Ross, esta versão é mais intimista, mas menos cinematográfica, com iluminação TV que ocasionalmente achata tons.

O som, com gospel sulista e baladas R&B, amplifica catarse. Ainda assim, o roteiro evita controvérsias, como impactos raciais na diabetes de Shelby, optando por universalidade. Isso torna o filme acessível, mas menos ousado, como criticado no Roger Ebert.

Temas Atemporais em um Contexto Moderno

Flores de Aço explora amizade como salvação, maternidade como fardo bendito e luto como catalisador de crescimento. Em 2021, lançado durante a pandemia, ressoou como hino à resiliência coletiva. O salão de beleza simboliza refúgio comunitário, ecoando salões negros reais como hubs de ativismo.

Atual em 2025, o filme aborda saúde acessível – a recusa de Shelby em histerectomia reflete debates sobre fertilidade negra. Temas de corpo e autoimagem, com personagens plus-size como Latifah e Scott, desafiam padrões. No entanto, romance é subexplorado; o triângulo de Annelle é fofo, mas periférico.

Comparado a The Help ou Hidden Figures, destaca-se por evitar salvadorismo branco, focando em autoempoderamento. Críticos feministas, como no Ms. Magazine, aplaudiram sua visão interseccional. Falta ousadia em queeridade ou classe, mas o todo celebra mulheres como tecelãs de legado.

Vale a Pena Assistir?

  • Nota 7/10: reconfortante, mas não revolucionário.

Sim, para corações abertos a dramas feel-good com punch emocional. Em 85 minutos, entrega risos, lágrimas e reflexões sem exageros. Ideal para noites de girls’ night ou maratonas Prime Video. Aluguel em Apple TV ou YouTube custa pouco, valendo pelo elenco. Não, se busca inovação – é remake seguro, sem reviravoltas. Qualidade TV limita escopo visual.

Flores de Aço reinventa um clássico com graça e alma negra, provando que histórias universais ganham força com representatividade. Queen Latifah e cia. tecem uma tapeçaria de sororidade que transcende tempo. Disponível no Prime Video, é convite à empatia em tempos divididos. Assista, chore, ria – e saia mais forte.

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Magdalena Schneider
Magdalena Schneider
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