O Apostador (2014), dirigido por Rupert Wyatt, é um remake do filme homônimo de 1974, inspirado no romance de Fiódor Dostoiévski. Estrelado por Mark Wahlberg, o thriller psicológico explora o vício em jogos de azar, com uma mistura de drama, crime e introspecção. Com um elenco de peso, incluindo John Goodman, Brie Larson e Jessica Lange, o filme promete tensão e profundidade emocional. Mas será que entrega uma experiência memorável? Nesta crítica, analisamos a trama, o elenco, a direção e se o filme merece seu tempo.
Uma trama intensa sobre vício e redenção
O Apostador acompanha Jim Bennett (Mark Wahlberg), um professor de literatura com uma vida dupla como apostador compulsivo. Afogado em dívidas com agiotas perigosos, ele enfrenta escolhas arriscadas para salvar sua vida. Sua relação com uma aluna, Amy (Brie Larson), e sua mãe, Roberta (Jessica Lange), adiciona camadas pessoais à narrativa. Enquanto tenta manipular seu destino através de apostas, Jim mergulha em um ciclo de autodestruição, desafiando as consequências.
A premissa é envolvente, capturando a adrenalina do vício em jogos. O roteiro de William Monahan, baseado no filme original, explora temas como liberdade, risco e responsabilidade, mas às vezes se perde em diálogos filosóficos que nem sempre ressoam. A trama mantém a tensão, especialmente nas cenas de cassino, mas o final, embora ousado, pode parecer abrupto para alguns espectadores.
Elenco estelar com atuações marcantes

Mark Wahlberg entrega uma performance sólida como Jim Bennett, equilibrando carisma e desespero. Ele captura a arrogância e a vulnerabilidade de um homem preso em seus impulsos, embora alguns críticos, como no Rotten Tomatoes, notem que sua intensidade às vezes parece forçada. Brie Larson, como Amy, traz frescor à narrativa, mas seu papel é subdesenvolvido, limitando seu impacto. Jessica Lange, como Roberta, rouba cenas com uma atuação poderosa, retratando uma mãe frustrada e emocionalmente complexa.
John Goodman, como o agiota Frank, é um destaque, trazendo ameaça e humor sombrio. Sua presença domina cada cena, com falas memoráveis que misturam intimidação e filosofia barata. Michael Kenneth Williams, como outro credor, Neville, adiciona tensão, mas seu personagem é unidimensional. A química entre Wahlberg e Goodman é o coração do filme, sustentando os momentos mais intensos.
Direção competente, mas com falhas
Rupert Wyatt, conhecido por Planeta dos Macacos: A Origem, cria uma atmosfera imersiva, com cassinos vibrantes e uma Los Angeles sombria. A fotografia de Greig Fraser usa tons escuros e neon para refletir o caos interno de Jim. A trilha sonora, com canções de artistas como Dinah Washington e M83, amplifica a emoção, especialmente nas sequências de apostas.
No entanto, a direção tropeça em manter um ritmo consistente. Algumas cenas, como os monólogos literários de Jim, são longas e desconexas, como apontado pelo The Guardian. A tentativa de equilibrar thriller de crime com drama psicológico resulta em momentos de descompasso, com subtramas, como o romance com Amy, que parecem subexploradas. Ainda assim, Wyatt consegue extrair tensão nas interações com os agiotas, mantendo o espectador intrigado.
Comparação com o original e o gênero
O Apostador de 2014 é uma reimaginação do filme de 1974, estrelado por James Caan, que era mais cru e introspectivo. O remake moderniza a história, mas perde parte da profundidade psicológica do original, como notado pelo Roger Ebert. Comparado a outros thrillers sobre vício, como Rounders ou Quebrando a Banca, O Apostador foca menos na estratégia do jogo e mais no impacto emocional do vício, o que o diferencia, mas também limita sua adrenalina.
No contexto de 2014, o filme compete com dramas intensos como Whiplash e O Abutre, mas não alcança o mesmo impacto cultural. Sua abordagem filosófica, inspirada em Dostoiévski, adiciona camadas, mas pode alienar quem busca um thriller mais dinâmico. Ainda assim, fãs de histórias sobre autodestruição, como Despedida em Las Vegas, podem encontrar ressonância.
Pontos fortes e limitações
Os pontos fortes de O Apostador incluem as atuações de Wahlberg, Goodman e Lange, que elevam o material. As cenas de cassino são visualmente cativantes, e a exploração do vício como uma busca por liberdade é intrigante. A trilha sonora e a fotografia criam uma atmosfera envolvente, reforçando o clima de risco constante.
As limitações, porém, são evidentes. O roteiro, embora ambicioso, é irregular, com diálogos que tentam ser profundos, mas soam pretensiosos, conforme críticas do Variety. O romance entre Jim e Amy é forçado, e o final, embora arriscado, deixa perguntas sem resposta. A falta de foco em alguns personagens secundários e o ritmo inconsistente prejudicam o impacto geral.
Vale a pena assistir a O Apostador?
O Apostador é um thriller psicológico que brilha pelo elenco e pela atmosfera, mas não cumpre todo seu potencial. Mark Wahlberg e John Goodman entregam momentos memoráveis, e a direção de Wyatt cria tensão nas cenas certas. No entanto, o ritmo desigual e o final abrupto podem frustrar quem busca uma narrativa coesa. Dados do IMDb mostram uma recepção mista, com nota 6.0/10, refletindo sua polarização.
Se você gosta de dramas sobre vício ou thrillers de crime, como O Lobo de Wall Street, O Apostador pode entreter, especialmente por Goodman e Lange. Para uma sessão descompromissada na Netflix, vale a pena, mas não espere um clássico. Quem prefere ação intensa ou histórias mais polidas pode optar por alternativas como Jogo de Poder.
O Apostador é um remake ambicioso que tenta atualizar um clássico com temas de vício e redenção. Mark Wahlberg e John Goodman elevam a narrativa, e a ambientação de cassino é envolvente. No entanto, o roteiro irregular, o ritmo lento e o final apressado limitam seu impacto. Ideal para fãs de thrillers psicológicos que apreciam atuações fortes, o filme é uma escolha sólida, mas não essencial, no catálogo da Netflix.




