O Refúgio Atômico, lançada em 19 de setembro de 2025 na Netflix, marca o retorno de Álex Pina e Esther Martínez Lobato, criadores de sucessos como La Casa de Papel e Vis a Vis. Essa coprodução entre Espanha e Estados Unidos apresenta um grupo de bilionários isolados em um bunker de luxo durante uma crise global iminente. Com oito episódios cheios de intriga, romance e drama, a série mistura thriller, sci-fi e elementos de novela. Mas será que captura o brilho de suas antecessoras? Nesta crítica, analisamos os pontos fortes e fracos para ajudar você a decidir se vale o tempo na plataforma de streaming.
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Premissa ambiciosa em um cenário claustrofóbico
A série começa com o mundo à beira de uma Terceira Guerra Mundial. Um grupo de elites foge para o Kimera Underground Park, um bunker projetado para sobreviver ao apocalipse. Lá, velhas rixas entre duas famílias rivais ressurgem, alimentadas por um segredo do passado. O primeiro episódio engana o espectador com uma fachada de drama familiar, mas um giro no segundo muda tudo, revelando camadas de conspiração e moralidade questionável.
Os criadores prometem uma visão ácida da elite global, criticando o capitalismo e a hipocrisia dos poderosos. Diálogos como “Nos domesticaram com salários de mil euros, pizzas delivery e Netflix” cutucam o consumismo moderno. No entanto, a trama se perde em excessos, priorizando reviravoltas sensacionalistas sobre desenvolvimento orgânico. O que poderia ser uma sátira afiada vira um culebrão de luxo, com o apocalipse servindo mais como pano de fundo do que motor narrativo.
Elenco estelar, mas personagens extremos
Miren Ibarguren brilha como Minerva, a líder carismática e manipuladora do bunker, em uma performance que equilibra força e vulnerabilidade. Sua personagem é o coração da série, navegando alianças frágeis com maestria. Joaquín Furriel interpreta Guillermo, um patriarca atormentado por segredos familiares, trazendo intensidade emocional a cenas de confronto. Carlos Santos, como um aliado enigmático, adiciona camadas de ambiguidade, recordando seu papel em La Casa de Papel.
Outros destaques incluem Natalia Verbeke, que encarna uma mulher liberada pelo caos, e Alicia Falcó, com uma contenção que contrasta o frenesi ao redor. Pau Simon, quase estreante, convence como Max, o jovem redimido que busca heroísmo. Apesar do talento, os personagens são pintados em tons exagerados – heróis viram vilões de repente, sem transição convincente. Isso dificulta a empatia, tornando-os mais arquétipos do que pessoas reais.
Direção visual impressionante, mas tom inconsistente
Dirigida por Jesús Colmenar, David Barrocal e Jose Manuel Cravioto, a série impressiona com sua produção de alto nível. O bunker é um cenário opulento, filmado com detalhes que evocam um resort subterrâneo de luxo. A fotografia captura a claustrofobia crescente, com sombras e luzes artificiais reforçando a tensão. Cenas de ação, como um elevador em queda livre, são dinâmicas e bem coreografadas, elevando o ritmo em momentos chave.
Porém, o tom oscila perigosamente. Um diálogo “humorístico” como “este refúgio nuclear é a bomba” quebra a seriedade, enquanto agressões brutais seguem axiomas filosóficos forçados. Essa mistura de gêneros – ação, romance, comédia e drama – visa manter o espectador grudado, mas resulta em whiplash tonal. A edição é ágil, mas o afã por surpresas constantes sacrifica a coesão, deixando o final aberto para uma segunda temporada que já é especulada.
Temas atuais e crítica social
O Refúgio Atômico mergulha em questões relevantes, como a desigualdade exacerbada pelo colapso global. Os bilionários, isolados em seu paraíso artificial, assistem ao mundo ruir via telas, simbolizando o distanciamento da elite. Há um subtexto político sobre “boa gente dos dois lados”, ecoando debates polarizados, e uma exploração da mesquinhez humana sob pressão. Os criadores afirmam que essa é sua obra mais “descarada” sobre a natureza humana, com personagens explodindo em “bombas” emocionais por episódio.
Esses elementos adicionam profundidade, mas são soterrados pelo melodrama. A sátira ao consumismo é pontual, mas não aprofunda o suficiente para impactar. Comparada a distopias como The 100 ou Silo, a série falha em equilibrar entretenimento com reflexão, optando por salseos familiares que diluem a mensagem.
Comparação com obras anteriores dos criadores
Pina e Martínez Lobato construíram impérios com La Casa de Papel, onde reviravoltas inteligentes e personagens carismáticos cativaram o mundo. O Refúgio Atômico tenta replicar essa fórmula, mas em um cenário confinado, resultando em uma versão mais caótica e menos coesa. Enquanto La Casa de Papel equilibrava heist com drama humano, aqui o bunker amplifica conflitos sem a mesma finesse.
Sky Rojo, outra criação deles, trouxe ação frenética e empoderamento feminino; O Refúgio Atômico ecoa isso em arcos de libertação, mas com menos urgência. Vis a Vis, com sua prisão opressiva, é o paralelo mais próximo – ambos usam espaços fechados para explorar poder e traição. No entanto, a nova série carece da crueza emocional de Vis a Vis, optando por um glamour que mascara a tensão. É uma evolução ambiciosa, mas não supera o legado.
Pontos fortes e limitações evidentes
Os trunfos incluem a produção visual de encher os olhos e atuações que salvam cenas fracas. O giro inicial surpreende, injetando fôlego na narrativa, e os momentos de leveza oferecem alívio bem-vindo. A diversidade de gêneros mantém o ritmo variado, ideal para maratonas casuais.
As fraquezas dominam, porém. Personagens unidimensionais e giros rocambolescos cansam o espectador. O roteiro abusa de inverossimilhanças, como alianças instantâneas ou revelações abruptas, sem “sementes” adequadas. Com oito episódios, a trama se estica desnecessariamente, priorizando quantidade sobre qualidade. Para uma série “mais ambiciosa da Espanha”, como rotulado pela Netflix, o resultado é mediano, longe de inovar o gênero.
Vale a pena assistir O Refúgio Atômico?
Se você ama o estilo Pina – reviravoltas, elites corruptas e drama confinado –, a série oferece diversão intermitente. É perfeita para quem busca um guilty pleasure apocalíptico, com elenco forte e visuais cativantes. Os fãs de La Casa de Papel encontrarão ecos familiares, mas sem o mesmo vício.
Para espectadores exigentes, porém, decepciona. O tom caótico e personagens rasos impedem imersão profunda. Espere uma segunda temporada para resoluções, mas não aposte alto. No catálogo da Netflix, prefira clássicos como Silo para distopias melhores. Uma maratona rápida pode entreter, mas não marque como essencial.
O Refúgio Atômico é uma aposta ousada de Álex Pina e Esther Martínez Lobato, misturando apocalipse com novela de elite. Com produção impecável e atuações destacadas de Miren Ibarguren e Joaquín Furriel, a série brilha em momentos de tensão e sátira. No entanto, seu excesso de melodrama, tom instável e personagens exagerados a tornam uma decepção ante o pedigree dos criadores. Ambiciosa em escala, falha em profundidade, deixando um gosto de potencial desperdiçado. Se prioriza entretenimento leve, assista. Para algo transformador, volte às raízes de Pina. No fim, é mais um bunker de luxo do que um refúgio narrativo sólido.
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