Crítica de As Mortas: Vale a pena assistir a série?

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As Mortas, série mexicana lançada na Netflix, marca a estreia do renomado cineasta Luis Estrada na televisão. Adaptada do romance homônimo de Jorge Ibargüengoitia, a produção de seis episódios mergulha na história sombria das irmãs Baladro, inspirada no caso real das Poquianchis. Com um elenco estelar liderado por Arcelia Ramírez, Paulina Gaitán e Alfonso Herrera, a série combina sátira, drama e crítica social. Mas será que entrega uma experiência imperdível? Nesta crítica, analisamos a trama, o elenco, a direção e se a série merece seu tempo.

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Uma trama sombria com humor negro

As Mortas acompanha as irmãs Arcángela (Arcelia Ramírez) e Serafina Baladro (Paulina Gaitán), que constroem um império de bordéis no México dos anos 1950 e 1960. Aproveitando falhas institucionais, elas exploram mulheres, mas sua ganância leva a crimes hediondos, incluindo assassinatos. A narrativa, inspirada nas Poquianchis, mistura fatos reais com ficção, explorando corrupção, violência de gênero e impunidade. Simón Corona (Alfonso Herrera), um homem atrapalhado, e o Capitão Bedoya (Joaquín Cosío), símbolo da corrupção policial, completam a trama.

A série brilha ao usar o humor negro de Ibargüengoitia para criticar a sociedade mexicana. Cada episódio, tratado como um “filme” por Estrada, adota um gênero diferente, como noir e comédia, mantendo a narrativa fresca. No entanto, o ritmo pode parecer desigual, com alguns episódios mais lentos, como apontado por críticos em sites como Popticular. Ainda assim, a trama mantém o espectador intrigado com suas reviravoltas e comentários sociais.

Elenco poderoso e atuações marcantes

O elenco é um dos pontos altos de As Mortas. Arcelia Ramírez entrega uma Arcángela fria e calculista, capturando a complexidade de uma vilã que acredita estar acima da lei. Paulina Gaitán, como Serafina, equilibra vulnerabilidade e crueldade, mostrando as nuances de uma mulher moldada por um sistema opressivo. Alfonso Herrera, interpretando Simón, traz leveza com sua torpeza, servindo como alívio cômico, mas também como catalisador de tragédias, conforme destacado em entrevista à Popticular.

Joaquín Cosío, como Bedoya, encarna a corrupção institucional com intensidade, enquanto nomes como Mauricio Isaac, Leticia Huijara e Tenoch Huerta enriquecem o elenco secundário. A química entre os atores sustenta a narrativa, mesmo quando o roteiro se perde em subtramas. A ausência de maior desenvolvimento para alguns personagens, como apontado pela Us Weekly, é uma pequena falha em um elenco tão talentoso.

Direção ambiciosa de Luis Estrada

Luis Estrada, conhecido por La Ley de Herodes e El Infierno, traz sua assinatura de sátira e crítica social à As Mortas. Ele concebe a série como “seis filmes interconectados”, cada um com um tom único, segundo entrevista à Milenio. Filmada em locações como San Luis Potosí, Veracruz e Guanajuato, a produção ganha autenticidade, com cenários que recriam o México rural dos anos 60. A fotografia, com tons terrosos, e a trilha sonora reforçam a atmosfera densa e opressiva.

No entanto, a ambição de Estrada nem sempre se traduz em coesão. Algumas transições entre gêneros, como da comédia ao drama, podem parecer abruptas, e a duração de seis episódios alonga certas subtramas. Apesar disso, a direção mantém o equilíbrio entre humor negro e tragédia, com momentos visuais marcantes, como a recriação da capa da revista Alarma! em um mural promocional na Cidade do México.

Crítica social afiada, mas desafiadora

As Mortas vai além de um thriller criminal, abordando temas como violência de gênero, corrupção e desigualdade estrutural. Inspirada nas Poquianchis, a série expõe como o poder e a impunidade permitiram crimes brutais, um tema ainda relevante em 2025. O humor negro de Ibargüengoitia, combinado com o olhar crítico de Estrada, cria um retrato provocador do México.

Porém, a sátira pode alienar espectadores que preferem narrativas mais lineares ou menos densas. Algumas críticas, como a da Infobae, sugerem que a série exige paciência para apreciar sua complexidade. A mistura de tons e a densidade temática podem dificultar o engajamento de quem busca entretenimento leve, mas recompensam quem aprecia histórias provocativas.

Comparação com outras séries mexicanas

As Mortas se diferencia de produções mexicanas da Netflix, como Quem Matou Sara? ou Desejo Sombrio, por sua base literária e tom satírico. Enquanto essas séries apostam em reviravoltas sensacionalistas, As Mortas prioriza crítica social, lembrando o estilo de Narcos: México, mas com mais humor. Comparada à adaptação de Las Poquianchis (1976) de Felipe Cazals, a série de Estrada é mais estilizada, mas mantém a essência do livro de Ibargüengoitia.

No contexto de 2025, As Mortas se destaca por sua relevância histórica e social, mas não alcança o impacto emocional de séries como Pacto de Silêncio. Sua abordagem única, no entanto, a torna uma adição valiosa ao catálogo da Netflix, especialmente para fãs de narrativas baseadas em fatos reais.

Vale a pena assistir a As Mortas?

As Mortas é uma série ambiciosa que combina atuações poderosas, direção estilizada e crítica social afiada. Arcelia Ramírez, Paulina Gaitán e Alfonso Herrera entregam performances memoráveis, enquanto a visão de Luis Estrada dá vida à obra de Ibargüengoitia. A produção impressiona visualmente, com locações autênticas e um tom que mistura sátira e tragédia. No entanto, o ritmo desigual e a densidade temática podem não agradar a todos.

Fãs de thrillers históricos, como Narcos ou The Undoing, ou de filmes de Estrada, encontrarão muito para apreciar. Para quem busca entretenimento leve, a série pode parecer pesada. É uma experiência que exige atenção, mas recompensa com sua profundidade. Se você gosta de histórias que provocam reflexão, As Mortas merece uma chance.

As Mortas é um marco na carreira de Luis Estrada e uma adição poderosa ao catálogo da Netflix. Com um elenco estelar, direção ousada e uma narrativa que mistura humor negro com crítica social, a série retrata a brutalidade e a corrupção do México dos anos 60 de forma impactante. Apesar de um ritmo ocasionalmente lento, a produção brilha por sua autenticidade e relevância. Para quem aprecia thrillers complexos e histórias baseadas em fatos reais, As Mortas é uma escolha imperdível.

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